sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Atentado à universidade
Um detalhe importante: a Universidade de Navarra foi fundada em 1952 por Josémaria Escrivá, fundador do Opus Dei, corrente católica conservadora cujas práticas são ainda bastante controversas mesmo dentro do catolicismo.
Vale lembrar que o Jornalismo brasileiro está profundamente ligado à Universidade. Ela promove no Brasil o curso master em Jornalismo realizado em São Paulo e freqüentado por profissionais da área que ocupam - em grande parte - cargos de chefia em importantes veículos de imprensa.
Essa estreita relação entre a Universidade de Navarra e a nata do Jornalismo brasileiro já foi alvo de bastante polêmica, justamente pelos elos entre o Opus Dei, a própria Universidade e o diretor do Master em Jornalismo, Carlos Alberto Di Franco.
Para relembrar o caso, clique aqui e aqui
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
O terrorismo está mais vivo do que nunca
Muitas vezes equivocadamente interpretado como a luta daqueles que não dispõem de outros meios para levantar bandeiras, defender causas ou demandar decisões políticas, o terrorismo é também associado apenas ao Oriente Médio. Errado, como 30 de outubro vem nos provar novamente.
Indianos e bascos muito provavelmente foram os agentes das ações desta quinta-feira. No caso da Universidade de Navarra, os atentados foram cometidos por europeus, supostamente civilizados e muito possivelmente cristãos.
O terrorismo deve ser repudiado em todas as suas facetas, não apenas a do extremismo islâmico.
Mais ainda, o atentado cometido na Espanha tem um significado bastante profundo. O carro-bomba foi detonado no estacionamento da universidade. Por definição, a universidade é aberta, democrática; é um centro que irradia conhecimento, cultura e, obviamente, tolerância. E são justamente esses os valores que o terrorismo - em todas as suas formas - combate.
Não é a primeira vez que um centro de ensino é atacado. Em 31 de julho de 2002, a Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel, sofreu um atentado terrorista que deixou sete mortos e mais de 70 feridos. O ataque matou alunos judeus e árabes e sua autoria foi assumida pelo Hamas.
Sudeste asiático em alta explosiva
O sudeste asiático passou a preocupar o planeta desde que, em 2001, os Estados Unidos invadiram o Afeganistão após os atentados de 11 de setembro. O objetivo era capturar o confesso autor dos ataques, o terrorista saudita Osama bin Laden. Sete anos depois, ele ainda não foi encontrado, ninguém sabe ao certo seu estado de saúde ou a localização precisa de seu esconderijo.
Enquanto o número de baixas americanas no Iraque vem caindo, a situação no Afeganistão está longe de ser controlada. Os talibãs continuam a dominar vastas áreas no país e o próprio governo americano admite a necessidade de adoção de uma nova estratégia. Por isso escalou o General David H. Petraeus - responsável pela virada no Iraque - para o cargo de Comandante Geral do efetivo no Afeganistão. Para mudar o jogo com os talibãs, ele recomenda "operações de contra-terrorismo, aproximação com a organização tribal local, reconciliação com militantes que não são 'hard-core' e mobilização dos demais Estados da região, incluindo a Arábia Saudita", explicou em entrevista ao The New York Times.
É urgente também a adoção desse tipo de estratégia nos países vizinhos. Índia e Paquistão, principalmente, cada vez mais sofrem com o crescimento de grupos extremistas e ações como as desta quinta-feira que resultaram na morte de mais de 50 pessoas e deixaram outros 150 feridos
sábado, 11 de outubro de 2008
terça-feira, 7 de outubro de 2008
As muitas faces da Assembléia Geral da ONU
Por Henry Galsky
No discurso de abertura da 63ª Assembléia Geral da ONU, em Nova Iorque, o secretário geral da organização, o sul-coreano Ban Ki Moon, lembrou aos 192 países-membros que o mundo de hoje enfrenta problemas graves e pediu união entre os Estados. "Os desafios estão mais ligados à cooperação do que ao confronto. As nações não podem mais simplesmente pensar em proteger seus interesses ou avançar no bem-estar de seus cidadãos sem estabelecer parcerias entre si. E com uma liderança global forte, vamos conseguir atingir esses objetivos", disse.
Depois dos aplausos, o presidente Lula fez seu discurso e lembrou a atuação da Unasul durante a crise política na Bolívia, criticou a especulação financeira e voltou a pedir a reforma do Conselho de Segurança, onde o Brasil pleiteia uma vaga.
O presidente George W. Bush reafirmou o esforço norte-americano no combate ao terrorismo internacional e pediu sanções à Coréia do Norte e Irã pelo desenvolvimento de seus programas nucleares.
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, disse, por sua vez, que Israel está prestes a desaparecer e a economia dos Estados Unidos, próxima de ruir.
Em pouco tempo, as palavras de Ban Ki Moon já haviam sido esquecidas. Muito porque todos os países têm direito de discursar e não existe uma pauta que determine os assuntos a serem abordados. É claro que pega muito mal um membro da ONU – instituição cujo objetivo primordial é manter a paz no planeta – pedir o fim de outro, como o Irã vem fazendo sistematicamente em relação a Israel. Mais do que isso, a prática é proibida pelo estatuto das Nações Unidas.
Mas, além desses discursos que geram manchete nos jornais de todo o mundo, cada país aproveita a oportunidade para reafirmar a própria agenda internacional. Pedro Pires, presidente de Cabo Verde, por exemplo, defendeu a segurança alimentar do continente africano.
Sinalizando união interna, o presidente do Sri Lanka, Mahinda Rajapaksa, foi o primeiro chefe de estado a discursar no idioma tamil no palanque da Assembléia Geral – a guerrilha separatista da etnia tamil luta desde os anos 1970 pela independência da região norte do país em confrontos que já mataram mais de 60 mil pessoas.
Entretanto, até o dia 1 de outubro, quando terminaram os debates, a política de bastidores foi a responsável pelas decisões mais importantes. E aí alguns esforços diplomáticos mereceram destaque, como o empenho dos oficiais norte-americanos para convencer os russos a concordar com novas sanções ao Irã e à Coréia do Norte. Na quarta-feira,
Além das tensões políticas envolvidas, a ONU promoveu um encontro para debater as Metas de Desenvolvimento do Milênio (MDGs, em inglês). O objetivo era estabelecer e discutir medidas concretas para a erradicação da pobreza no mundo até 2015. O fórum permitiu aos líderes dos governos a análise do progresso de iniciativas e a identificação de obstáculos que impedem o acesso das camadas da população mais desfavorecida do planeta a uma vida digna.
Ao final da reunião, foram arrecadados 16 bilhões de dólares. Apesar do otimismo com este número, vale uma comparação que mostra bem qual o peso do combate às desigualdades no orçamento mundial: os países desembolsam 6 bilhões de dólares em gastos militares. Em pouco menos de um dia e meio.