Por Henry Galsky
No discurso de abertura da 63ª Assembléia Geral da ONU, em Nova Iorque, o secretário geral da organização, o sul-coreano Ban Ki Moon, lembrou aos 192 países-membros que o mundo de hoje enfrenta problemas graves e pediu união entre os Estados. "Os desafios estão mais ligados à cooperação do que ao confronto. As nações não podem mais simplesmente pensar em proteger seus interesses ou avançar no bem-estar de seus cidadãos sem estabelecer parcerias entre si. E com uma liderança global forte, vamos conseguir atingir esses objetivos", disse.
Depois dos aplausos, o presidente Lula fez seu discurso e lembrou a atuação da Unasul durante a crise política na Bolívia, criticou a especulação financeira e voltou a pedir a reforma do Conselho de Segurança, onde o Brasil pleiteia uma vaga.
O presidente George W. Bush reafirmou o esforço norte-americano no combate ao terrorismo internacional e pediu sanções à Coréia do Norte e Irã pelo desenvolvimento de seus programas nucleares.
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, disse, por sua vez, que Israel está prestes a desaparecer e a economia dos Estados Unidos, próxima de ruir.
Em pouco tempo, as palavras de Ban Ki Moon já haviam sido esquecidas. Muito porque todos os países têm direito de discursar e não existe uma pauta que determine os assuntos a serem abordados. É claro que pega muito mal um membro da ONU – instituição cujo objetivo primordial é manter a paz no planeta – pedir o fim de outro, como o Irã vem fazendo sistematicamente em relação a Israel. Mais do que isso, a prática é proibida pelo estatuto das Nações Unidas.
Mas, além desses discursos que geram manchete nos jornais de todo o mundo, cada país aproveita a oportunidade para reafirmar a própria agenda internacional. Pedro Pires, presidente de Cabo Verde, por exemplo, defendeu a segurança alimentar do continente africano.
Sinalizando união interna, o presidente do Sri Lanka, Mahinda Rajapaksa, foi o primeiro chefe de estado a discursar no idioma tamil no palanque da Assembléia Geral – a guerrilha separatista da etnia tamil luta desde os anos 1970 pela independência da região norte do país em confrontos que já mataram mais de 60 mil pessoas.
Entretanto, até o dia 1 de outubro, quando terminaram os debates, a política de bastidores foi a responsável pelas decisões mais importantes. E aí alguns esforços diplomáticos mereceram destaque, como o empenho dos oficiais norte-americanos para convencer os russos a concordar com novas sanções ao Irã e à Coréia do Norte. Na quarta-feira,
Além das tensões políticas envolvidas, a ONU promoveu um encontro para debater as Metas de Desenvolvimento do Milênio (MDGs, em inglês). O objetivo era estabelecer e discutir medidas concretas para a erradicação da pobreza no mundo até 2015. O fórum permitiu aos líderes dos governos a análise do progresso de iniciativas e a identificação de obstáculos que impedem o acesso das camadas da população mais desfavorecida do planeta a uma vida digna.
Ao final da reunião, foram arrecadados 16 bilhões de dólares. Apesar do otimismo com este número, vale uma comparação que mostra bem qual o peso do combate às desigualdades no orçamento mundial: os países desembolsam 6 bilhões de dólares em gastos militares. Em pouco menos de um dia e meio.
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