quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Por que a libertação de piloto sequestrado pelo EI é prioridade para o rei da Jordânia

O Estado Islâmico exigiu a libertação da terrorista Sajida al-Rishawi em troca do piloto da força aérea jordaniana Moaz al-Kasaesbeh. É a primeira vez que o grupo faz este tipo de exigência. Até o momento, o sequestro era uma forma de angariar recursos. Não há como saber se a troca de prisioneiros passará a ser novo mecanismo do relacionamento entre o EI e o resto do mundo. Há, no entanto, crítica internacional contundente ao rei da Jordânia por ele ter sinalizado interesse na proposta do grupo terrorista. 

É inevitável o raciocínio de que negociação deste tipo abre uma porta que não se fecha e pode realmente aumentar o interesse do grupo em sequestros de cidadãos estrangeiros. Mas é preciso lembrar que a Jordânia não seria caso inédito na negociação com terroristas para a libertação de cidadãos. EUA e Israel já fizeram isso. Israel, inclusive, libertou mais de mil prisioneiros palestinos em troca da libertação de Gilad Shalit, em 2011. Mantido em cativeiro pelo Hamas por cinco anos, a libertação de Shalit foi amplamente aprovada por votação interna do gabinete de segurança de Israel e também pela opinião pública nacional. O caso do piloto jordaniano é similar, muito embora o governo local esteja muito mais pressionado pela opinião pública em relação a suas escolhas geopolíticas mais amplas. 

Normalmente, os pilotos jordanianos são membros de famílias influentes, caso da família Kasaesbeh. Ao mesmo tempo, a aliança que a Jordânia mantém com os EUA e o acordo de paz com Israel são tema de muita controvérsia no país. Negociar o retorno do piloto com o EI pode ser uma forma de o rei Abdullah II aplacar momentaneamente os questionamentos sobre as alianças internacionais jordanianas e a própria participação do país na coalizão que combate o Estado Islâmico. Naturalmente, também, a ideia é reafirmar o compromisso do rei com a vida dos cidadãos do país acima de qualquer interesse estratégico internacional. Muito embora não seja este o caso, claro. 

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Ataque do Hezbollah ao norte de Israel pode aumentar tensão regional

Nesta quarta-feira, um ataque do Hezbollah matou dois soldados israelenses e feriu sete no norte do território de Israel. A autoria foi rapidamente assumida pelo grupo. Há dez dias, um ataque aéreo a um comboio do Hezbollah matou seis de seus membros além de um general do alto escalão militar iraniano. Sobre este episódio, leia aqui a análise que escrevi. A ação desta quarta representa a maior investida da milícia xiita libanesa a Israel desde a guerra de 2006. O Hezbollah se afirma a cada dia como entidade não-estatal relevante no jogo político do Oriente Médio. Certamente, em função dessas vitórias no plano regional, Israel já assumiu a posição de que, num eventual novo conflito mais amplo com o grupo, irá considerar o Líbano responsável pelos ataques. 

Mesmo que tenha exposto esta nova diretriz, Israel ainda não a colocou em prática. Nesta quarta-feira, respondeu aos ataques do Hezbollah diretamente. Isso pode ser explicado porque, curiosamente, Israel e Hezbollah consideram que este não é o momento apropriado para movimentos mais amplos. Em 2014, Israel travou uma guerra de 50 dias de duração com o Hamas, no sul do país. Por mais que tenha conseguido impor grande dano às estruturas do grupo, obteve também consideráveis prejuízos militares e também diplomáticos em função do grande número de perdas civis palestinas. Não por acaso, as Forças de Defesa de Israel informaram que irão responder horizontalmente; ou seja, só aumentarão a intensidade das respostas caso o Hezbollah siga este caminho. 

A questão é saber a posição da cúpula de segurança de Israel a partir da divulgação das mortes do soldados. Inicialmente, a informação era de que os oficiais haviam sido feridos. Mortes de soldados sempre causam grande impacto na sociedade israelense, na medida em que servir às forças armadas do país faz parte da vida de todos os cidadãos. Considerando que segurança é prioridade do governo Netanyahu, é pouco provável que o primeiro-ministro dê o assunto com o Hezbollah por encerrado, ainda mais com eleições marcadas para março. Netanyahu sabe também que Hezbollah e Irã estão profundamente vinculados. Na prática, o Irã é seu maior patrocinador e, por meio do Hezbollah, consegue impor sua presença de maneira sempre ameaçadora na fronteira norte de Israel. Enquanto o presidente Obama investe capital político em negociações sobre o programa nuclear iraniano, o primeiro-ministro israelense tem intensificado sua oposição à nova aproximação entre Washington e Teerã. 

Todos esses elementos serão levados em consideração durante a formulação da resposta de Israel ao ataque do Hezbollah. Por isso, considero possível que Jerusalém opte por reforçar sua posição no norte do país. 

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A liberação de Auschwitz, o ressurgimento do antissemitismo e a responsabilidade europeia

Setenta anos depois da liberação de Auschwitz-Birkenau pelo exército soviético, o debate europeu sobre antissemitismo está mais vivo do que nunca. Setenta anos depois, a perseguição aos judeus está longe de ser institucional, mas ainda acontece na Europa. Aliás, a Europa ainda debate sobre as possibilidades de suas minorias, os judeus, inclusive. A questão judaica – que durante séculos foi o centro do debate sobre a relação europeia com o outro – parecia solucionada. As comunidades judaicas no continente estão plenamente integradas. Mas o renascimento do antissemitismo reacendeu a discussão sobre o futuro dos judeus na Europa e também sobre a capacidade do continente de dialogar com as diferenças. 

A cada ano, mais sobreviventes do Holocausto morrem. Na comemoração dos 60 anos da liberação de Auschwitz,  1,500 sobreviventes estavam presentes. Agora, dez anos depois, cerca de 300 estiveram na cerimônia. A tendência é que, em pouco tempo, não haja mais sobreviventes vivos. Daí a importância de organizações que cuidam da memória do Holocausto. Projetos pessoais, como o Survivors Of The Shoah Visual History Foundation (Fundação da História Visual dos Sobreviventes do Holocausto), criado pelo cineasta Steven Spielberg, vão dar conta de manter para sempre os relatos pessoais de quem passou pelos campos de concentração. No entanto, a cada década de distância, o antissemitismo parece se tornar menos tabu, conquistando adeptos das mais diversas correntes políticas e classes sociais. 

“Logo depois da Segunda Guerra Mundial, depois que vimos a realidade de Auschwitz e outros campos de extermínio, nenhuma pessoa normal queria estar associada ao antissemitismo. Mas, à medida que  o Holocausto se distancia no tempo e os sobreviventes desaparecem, extremistas se tornam mais ousados em atacar os judeus. Alimentados pela falsa narrativa que culpa Israel por uma grande lista dos problemas mundiais, o antissemitismo ressurge de forma mortal”, diz Ronald Lauder, presidente do Congresso Judaico Mundial, organização que representa comunidades e instituições judaicas em cem países. 

Como sempre escrevo por aqui, o Holocausto não foi um fenômeno isolado no tempo, mas a concretização mais dramática de séculos de antissemitismo europeu. O Holocausto foi realizado por gente comum, por europeus ditos “civilizados”. O Holocausto ocorreu na Europa pós-iluminista. Setenta anos depois, e ano após ano, a comemoração pela liberação de Auschwitz ainda reforça a necessidade europeia de debater o antissemitismo, as questões de identidade do continente e a responsabilidade sobre suas minorias. 

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Vitória da extrema-esquerda na Grécia pode impactar futuro político da União Europeia

A vitória do partido de extrema-esquerda Syriza, na Grécia, representa algumas possibilidades domésticas e externas. Em sua relação com a população, com os membros do partido e com a cúpula econômica europeia, o novo primeiro-ministro, Alexis Tsipras, vai precisar ser muito habilidoso. 

Ao longo do ano de 2014, Tsipras deixou de lado a retórica de rompimento absoluto com a União Europeia e adotou tom mais moderado. Isso funcionou como estratégia eleitoral, na medida em que quanto mais avesso a alianças, mais complicado é obter ganhos políticos. Foi assim que o líder do Syriza conseguiu atrair eleitores de centro, por exemplo. O problema é que ninguém sabe como será sua postura a partir de agora, algo que carrega em si implicações durante o mandato. Se voltar ao discurso de extrema-esquerda, estica a corda com a cúpula econômica europeia (a chamada Troika – formada pelo Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional), arriscando as negociações com o bloco e mesmo a permanência da Grécia na UE; se for moderado demais e eventualmente considerado fraco nas negociações externas, desagradará à base do partido (e a coalisão formada para que ele governe) e certamente aos 40% dos eleitores que lhe deram a vitória nas urnas. O sistema parlamentarista tem esta característica peculiar – se a base aliada abandona o primeiro-ministro, o governo cai. 

Curiosamente, a vitória da extrema-esquerda grega alimenta indiretamente os muitos partidos de extrema-direita que se multiplicam pela Europa. Se a União Europeia pesar a mão nas negociações com os gregos e reafirmar que não está disposta a ceder na exigência de austeridade, a extrema-direita que se define como “eurocética” poderá enxergar ainda mais elementos para justificar o argumento de que não vale a pena permanecer no bloco europeu. É o caso de dois partidos que têm obtido resultados relevantes no continente: a Frente Nacional, na França, e o Ukip, na Grã-Bretanha. Todos os espectros da política europeia estão de olho na Grécia e em sua relação com a EU. 

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

A morte do rei da Arábia Saudita e o lado sunita do Oriente Médio

A morte do rei saudita Abdullah bin Abdulaziz al Saud deixa um vácuo importante no Oriente Médio. Especialmente no momento em que a região se encontra diante de desafios para lá de complicados. A Arábia Saudita, especificamente, tem muitos interesses em jogo. Numa época de mudanças rápidas, a disputa entre os blocos sunita e xiita acontece por meio de “procuradores”. 

Fazendo um resumo rápido, o Oriente Médio está dividido entre esses blocos de países e atores não-estatais; do lado sunita, as monarquias do Golfo, Egito, Jordânia. Considerado moderado, tem o apoio dos EUA. Do lado oposto, Irã, Turquia, Hezbollah e a Síria (pelo menos enquanto Bashar al-Assad conseguir se manter no cargo). O rei Abdullah era um dos principais articuladores do bloco sunita, além de homem forte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). O objetivo principal dos sunitas é a manutenção do status quo regional, então toda possibilidade de mudança é ameaçadora. 

Neste cenário, as distintas abordagens à Primavera Árabe (o mais relevante movimento popular no Oriente Médio) aprofundaram a disputa entre sunitas e xiitas. Grupos islâmicos mais organizados, como a Irmandade Muçulmana egípcia, entenderam que a derrubada dos ditadores regionais representaria a grande oportunidade para uma mudança de poder histórica. A relação entre esses grupos e os grandes patrocinadores estatais (Irã e Turquia) acabou por se transformar numa via de mão-dupla. E, naturalmente, também aprofundou a disputa com as monarquias do Golfo Pérsico – o grupo de atores estatais mais ameaçado por resultados significativos da Primavera Árabe. Na medida em que a onda popular de protestos foi incapaz de produzir lideranças independentes, acabou por se transformar em mais um foco da grande disputa regional. 

Além deste jogo ainda em curso, a Arábia Saudita tem problemas sérios a enfrentar; entre eles, o combate ao Estado Islâmico (inimigo comum a todos), a manutenção dos grandes benefícios sociais à população do país apesar da queda do preço do barril de petróleo, e o esvaziamento do movimento rebelde xiita Houthi no vizinho Iêmen – que conta com o patrocínio do Irã, o principal inimigo da Arábia Saudita e das monarquias do Golfo. Além disso tudo, a parceria histórica dos sauditas com os EUA atravessa momento complicado. Quanto mais Obama reforça sua intenção de negociar com os iranianos, mais a Arábia Saudita se sente ameaçada. 

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Ataque de Israel a comboio militar do Hezbollah e algumas possibilidades no Oriente Médio

Há quem vincule dois acontecimentos desses últimos dias. O assassinato do procurador argentino Alberto Nisman e o ataque israelense a um comboio militar do Hezbollah na Síria. O ataque de Israel aconteceu horas antes do assassinato de Nisman em Buenos Aires. 

Como se sabe, Nisman acusava o Irã pelo atentado à AMIA, em 1994. O governo iraniano teria realizado o atentado terrorista por meio de agentes do Hezbollah, a milícia xiita baseada no sul do Líbano. No ataque de Israel ao comboio militar do Hezbollah, seis membros da milícia morreram, além de seis militares iranianos, inclusive o general Mohammad Allahdadi, da Guarda Revolucionária iraniana. Israel não comenta o caso, mas, aos poucos, novas informações surgem, ajudando a mapear o cenário. De acordo com reportagem de Amos Harel publicada no Haaretz, a comitiva parou diversas vezes e teria chegado, inclusive, a apenas 300 metros da fronteira com Israel – no lado sírio das Colinas de Golã. O objetivo seria levantar dados operacionais para realizar ataques a Israel. 

Teoricamente, parte da situação está esclarecida. Por mais atraente que seja a tese vinculando o assassinato de Nisman aos acontecimentos no Oriente Médio daquele mesmo 18 de janeiro, ainda não há como comprová-la. Claro que esta é uma possibilidade, mas ainda não há evidências suficientes. Por ora, acho que sobram perguntas em relação ao comboio do Hezbollah: o que membros do grupo faziam na Síria ao lado de membros do alto escalão militar iraniano? Quais os objetivos estratégicos envolvendo a presença de Irã e Hezbollah na Síria? O que a comunidade internacional faria caso em algum momento o Hezbollah lançasse ataques a Israel a partir da Síria?

É claro que são perguntas retóricas, na medida em que, informalmente, há respostas a todas elas. O governo de Bashar al-Assad, o Irã e o Hezbollah estão juntos na luta pela manutenção do regime sírio diante da ofensiva dos inúmeros grupos rebeldes que lutam no país. Há muito tempo, Assad e o Irã decidiram transferir parte do arsenal militar sírio ao Hezbollah, temendo a derrubada do regime. Caso o Hezbollah ataque Israel a partir do lado sírio das colinas de Golã, nada será feito pela comunidade internacional. Da mesma maneira que a UNIFIL (Força Interina das Nações Unidas no Líbano) jamais conseguiu impedir o lançamento de mísseis pelo Hezbollah no sul do Líbano, a UNDOF (missão de observação da ONU no Golã – foto) não deverá conseguir conter eventuais agressões na região. Além disso, considerando a inabilidade das chamadas potências internacionais de abordarem a guerra civil síria, não é difícil concluir que o Golã está livre. 

Para completar, o Irã está em negociações com essas mesmas potências. Em busca de algum resultado significativo nas questões do Oriente Médio, é provável também que esses países decidam ignorar todas as variáveis mencionadas acima em nome do pragmatismo. 

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Vinte anos depois, investigação sobre atentado à associação judaica em Buenos Aires sofre revés

A morte do promotor argentino que investigava o atentado à AMIA (Associação Mutual Israelita Argentina) é um desses episódios marcantes das relações internacionais que expõem tratados secretos entre países. A tese de suicídio é uma piada de mau gosto. Há dez anos dedicado ao caso, é improvável que Alberto Nisman tirasse a própria vida. Ainda mais na véspera de depor e apresentar as provas que coletou desde 2004 – mais de um milhão de páginas de documentos. 

O governo Kirchner de pronto adotou a tese de suicídio. É provável que, depois que a poeira baixar, nada mais seja feito e o atentado que tirou a vida de 85 pessoas siga sem solução – ou melhor, sem culpados. Nisman estava convencido de que a autoria cabia ao governo do Irã e a realização, ao Hezbollah libanês. Em troca do acobertamento do caso, um esquema de compra de petróleo iraniano pela presidente Kirchner. 

No mínimo, é curioso que a atitude oficial da presidência argentina desde o primeiro instante tenha sido se agarrar à hipótese de suicídio. É interessante notar uma visão com a qual compartilho; a situação na Argentina representa o fracasso de parte da comunidade internacional em lidar com o fenômeno do terrorismo. É a posição de Seth Lipsky, editor do New York Sun:

“Tivemos o atentado ao avião do Pan Am sobre Lockerbie, Escócia, em dezembro de 1988; o atentado à embaixada de Israel em Buenos Aires, em 1992; o primeiro atentado ao World Trade Center, em 1993. É incrível que em mais de 20 anos – uma geração – o esforço de fazer com que os criminosos respondam diante da Justiça termine com o promotor (Nisman) morto na banheira de sua casa”, escreve. 

Como escrevi, não me espantarei se nada for feito em relação ao caso AMIA. É uma pena não apenas à comunidade judaica, mas ao Estado argentino; especialmente se lembrarmos o passado do país em sua relação ambígua com a comunidade judaica. Haverá ainda repercussões políticas mais substanciais mesmo fora da Argentina. Os acontecimentos não estão isolados e acabam compondo parte da teia do jogo internacional.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Terrorismo na Europa e a disputa por protagonismo entre Estado Islâmico e al-Qaeda

O mundo anda pequeno demais. Se há alguma vantagem nisso, há certamente muitas desvantagens. Em questões de segurança, por exemplo, a facilidade de tráfego de pessoas e tráfico de armamento, por exemplo, são grandes desvantagens. Os acontecimentos recentes mostram isso; está cada dia mais banal conseguir uma Kalashnikov. Como ilustração pontual deste cenário,  um dos protagonistas dos atentados em Paris comprou seu armamento com facilidade na Bélgica. Esta não é uma questão especialmente belga, mas as fronteiras frouxas permitem fluxo de entrada e saída de armamento em toda a Europa.

Há outros elementos que contribuem para dificultar o combate ao terrorismo: a grande quantidade de europeus que têm se filiado aos grupos terroristas internacionais. As estimativas são de que entre três e cinco mil cidadãos da União Europeia tenham ido lutar na Síria ao lado do Estado Islâmico. E após receberem treinamento e passar por intensa mobilização de discurso, devem retornar para casa. Prontos para agir, claro. Nesta quinta-feira, as forças de segurança belgas impediram que fosse colocado em prática um ataque no país. De acordo com os veículos internacionais, os atentados foram frustrados muito pouco tempo antes de serem realizados. 

Até este momento, o Estado Islâmico não havia executado atentados na Europa, muito embora o discurso do grupo não seja restrito ao Oriente Médio (o objetivo final é a construção do califado islâmico, inclusive em regiões da Europa). Talvez, esta mudança na abordagem seja fruto dos acontecimentos das últimas semanas – as ações dos terroristas franceses passaram a ser alvo de disputa entre al-Qaeda e Estado Islâmico. A partir de agora, não faz mais diferença se eles agiram como os chamados “lobos solitários” ou se fato eram vinculados a essas organizações fundamentalistas e extremistas islâmicas. Parece que Estado Islâmico e al-Qaeda retomaram seu interesse pelo território europeu a partir da “demanda” desses terroristas que agem a partir da inspiração desses grupos. De certa maneira, al-Qaeda e Estado Islâmico aplicam uma espécie de “lógica capitalista” em que as empresas decidem agir onde há apelo de seus clientes.

Como funcionários voluntários, os europeus que correram para se juntar às fileiras dos terroristas no Oriente Médio acabaram por influenciar na tomada de decisões de seus “patrões”. Agora, a partir do imenso poder da narrativa do Estado Islâmico, o grupo parece ter uma enorme vontade de realizar um grande atentado na Europa – claro, para atender às expectativas de parte do bando. 

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

O cenário político na Nigéria

Existe a possibilidade real de a situação na Nigéria piorar. Os ataques promovidos pelo Boko Haram também buscam aumentar a tensão e, como objetivo máximo, impossibilitar a disputa política nas urnas. A ideia de transformar a maior economia africana num califado passa pela destruição de seus aparatos de Estado. Nada mais simbólico do que dificultar a realização de eleições numa forma de minar um dos principais instrumentos de um governo secular. 

“O que acontece na Nigéria nos afetada a todos, não somente na África Ocidental, mas em toda a África”, disse o ex-secretário Geral da ONU Kofi Annan durante conferência na cidade de Abuja, capital nigeriana. O evento contou com as presenças do presidente Goodluck Jonathan e de seu adversário nas eleições de fevereiro, o candidato de oposição Muhammad Buhari. As eleições estão ameaçadas não apenas pelo Boko Haram, mas pelas suspeitas de fraude. De acordo com pesquisa do instituto Gallup, somente 8% da população do país confiam no processo eleitoral. 

Nesta quarta, escrevi sobre o Boko Haram e como o presidente Jonathan tem feito o possível para encobrir os atentados. Interessado na reeleição, ele percebe que sua taxa de aprovação tem lhe escorrido pelas mãos. Em setembro de 2014, o índice chegou ao recorde de 74%, graças ao efetivo combate do governo ao vírus Ebola. Agora, caiu para 55%. O presidente Jonathan acredita que, quanto maior a exposição dos atentados cometidos pelo Boko Haram, mais complicada fica sua corrida rumo a um novo mandato. Isso explica a razão pela qual foi um dos primeiros líderes estrangeiros a condenar os atentados na França, mas, por outro lado, ainda não se pronunciou oficialmente sobre os ataques terroristas em seu próprio país. 

A quem ainda acredita na oposição pura e simples entre adversários políticos, vale uma curta menção ao passado político do candidato que busca derrotar Goodluck Jonathan. Muhammad Buhari foi presidente da Nigéria nos anos 1980. Na época, exerceu o cargo como general das forças armadas entre 1984 e 1985. Foi derrubado por um golpe que iniciou o caminho da democracia no país – mesmo que os cidadãos da Nigéria ainda não acreditem muito nela, claro. 

É este ambiente que envolve as questões políticas e o negligente combate interno ao Boko Haram. Fica difícil ser otimista. 

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Grupo terrorista Boko Haram faz o que quer na Nigéria

Vou repetir algo que sempre escrevo por aqui: quem procura coerência na política internacional vai se frustrar. Por mais que os líderes mundiais sempre joguem com esta expectativa, a verdade é que as posições externas dos países são determinadas por suas aspirações de poder, pelo jogo político doméstico ou pelo interesse em reforçar alianças internacionais. Neste momento, temos um exemplo de como funciona esta dinâmica; enquanto é inegável a legitimidade da solidariedade internacional após os atentados na França, a maior parte da comunidade de países não se esforça para impedir as sucessivas vitórias do grupo terrorista islâmico Boko Haram, na Nigéria. 

Ao longo de 2014, o grupo matou dez mil pessoas. Nos últimos dias, tem colocado em prática o método assustador de usar meninas entre dez e 14 anos de idade para realizar ataques terroristas. No último sábado, ao menos 16 pessoas foram mortas num mercado lotado após os terroristas amarrarem uma bomba numa menina de dez anos de idade. 

Uma boa parte do fracasso no enfrentamento ao Boko Haram é explicada pela corrupção. E pelo descaso com que o presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, trata o problema. Na medida em que não consegue impedir as sucessivas vitórias do grupo, Jonathan procura minimizar seu poderio. Com eleições marcadas para 14 de fevereiro, tem procurado inclusive maquiar o número de mortos nos atentados. 

Em meados de 2014, a revolta internacional contra esta organização terrorista atingiu seu ápice após o sequestro de 274 meninas de uma escola na cidade de Chibok. O movimento “Bring Back Our Girls (Tragam de volta nossas meninas)” causou comoção internacional e parecia que a emoção se transformaria em algo de mais concreto. Mas o presidente nigeriano fez o que pôde para jogar a questão para debaixo do tapete. Jonathan ordenou o cancelamento de um programa criado pelos EUA para combater o Boko Haram. Por sua vez, Os EUA cancelaram o treinamento de combatentes nigerianos após uma série de denúncias de organismos internacionais sobre violações de direitos humanos cometidas pelas forças armadas da Nigéria, incluindo estupro e assassinato em massa, como lembra a revista Foreign Policy

Graças às sucessivas falhas e negligências do governo de Goodluck Jonathan, hoje o Boko Haram controla uma população de 1,7 milhão de nigerianos (ver imagem). Como semelhança ao Estado Islâmico, o grupo pretende construir uma espécie de califado tendo como base a interpretação fundamentalista do islã. A comunidade internacional – e principalmente EUA e União Europeia – irão se reunir para pensar em novas maneiras de combater o terrorismo. Deveriam incluir na agenda também o combate ao Boko Haram, que, na prática, continua a fazer o que bem entende na Nigéria e por enquanto não tem motivos para se sentir intimidado. 

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Os aspectos políticos do antissemitismo na França

Acho importante fazer um exame sobre os aspectos políticos envolvendo a discussão sobre o antissemitismo na França. Esta discussão carrega intrinsecamente a ideia de identidade francesa e da capacidade do Estado de absorver e promover integração de suas comunidades minoritárias. 

A presença judaica na França é muito antiga; há registros de comunidades judaicas desde o ano de 465. Num dos momentos mais simbólicos da criação do França moderna, os judeus também foram atingidos. Em 1790, no ano seguinte à Revolução Francesa, os judeus receberam cidadania. De fato, a França foi o primeiro país a garantir aos judeus este direito. Hoje, há mais de meio milhão de judeus franceses plenamente integrados à identidade nacional francesa. 

Após a morte dos quatro judeus no mercado de produtos casher, o presidente François Hollande declarou que “a França sem os judeus não é a França”. É a esta história a que ele se refere. A questão é mais complexa, na medida em que o debate sobre antissemitismo é também o debate sobre a capacidade ou incapacidade dos sucessivos governos franceses de conseguir integrar suas minorias. Hoje, a situação dos judeus na França é delicada, em virtude da sensação de insegurança dos membros desta comunidade. É interessante notar também que os membros da comunidade muçulmana na França reclamam de não se sentirem plenamente integrados ao país. A questão judaica, na prática, alimenta este debate e atinge a todos. 

O momento é especialmente delicado em virtude do aumento da emigração dos judeus. Se houver uma emigração em massa dos judeus franceses, será difícil defender o modelo de integração francesa. Se por um lado os judeus estão integrados, por outro não se sentem seguros. Já os muçulmanos não se sentem integrados. Curiosamente, as duas problemáticas – judaica e muçulmana –são complementares, porque demonstram algumas incompetências relevantes de sucessivos governos franceses de diferentes partidos e filiações ideológicas. 

Isso explica também a razão pela qual o presidente François Hollande deixou a Grande Sinagoga de Paris pouco antes do discurso do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Hollande sabia que Bibi reforçaria a ideia de que Israel estará sempre de portas abertas aos judeus. E certamente àqueles judeus que desejam deixar a França em virtude do aumento do antissemitismo no país. O discurso de Netanyahu reforça um dos aspectos principais de incompetência do Estado francês. É evidente que Hollande não se sentiu confortável com a mensagem dita de maneira tão clara por um líder estrangeiro em Paris. 

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

A França e o antissemitismo

Durante esses dias tenho lido e ouvido bastante sobre as reações aos atentados na França. Enquanto há um consenso sobre a tentativa de extremistas de silenciar os cartunistas do Charlie Hebdo, há uma série de interpretações sobre o sequestro e posterior assassinato de judeus franceses no mercado de produtos casher.

Vi inclusive um professor comentando que o este atentado especificamente não teria motivações antissemitas. Parte da imprensa brasileira seguiu por este caminho, parte nem entrou na discussão. Seja como for, acho válido olhar o cenário mais amplo, o que tenho tentado fazer por aqui regularmente. Sobre o atentado ao mercado de produtos judaicos, certamente foi um ato antissemita. É impossível que o alvo tivesse sido escolhido ao acaso. Então vamos à análise;

A escolha de um mercado judaico teve como alvo seus frequentadores e o capital simbólico do estabelecimento comercial. Um mercado de produtos alimentares produzidos de acordo com a dieta alimentar judaica e supervisão rabínica tem os judeus como consumidores primordiais. Judeus franceses. A história recente dos judeus franceses não tem sido exatamente tranquila. Ou seja, os episódios de atentados e violência contra a comunidade judaica francesa são frequentes. 

Lar das maiores comunidades judaica e islâmica da Europa, a França tem sido palco de conflitos, principalmente em virtude do que acontece no Oriente Médio. Nos últimos anos, a situação dos judeus vem se tornando mais delicada. Para citar os casos recentes de maior repercussão: em 2006, o jovem judeu Ilan Halimi foi sequestrado e morto (inicialmente, o governo francês se recusou a reconhecer o caso como um ataque antissemita, mas depois mudou de posição); em 2012, um rabino e três crianças foram mortas a tiros na porta de uma escola judaica em Toulouse; em 2014, um cidadão franco-argelino matou quatro pessoas no Museu Judaico da Bélgica; também no ano passado, uma multidão tentou invadir uma sinagoga em Paris, alegando protestar contra a Israel. 

O atentado contra o mercado se insere nesta realidade dos judeus franceses. Ignorar este cenário inviabiliza, na prática, qualquer análise. Todos esses acontecimentos na comunidade judaica francesa explicam por que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, foi ovacionado na Grande Sinagoga de Paris. Vale mencionar também que, pela primeira vez desde a independência de Israel, em 1948, a França lidera o ranking da população judaica que decide se estabelecer em Israel.  

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

A França depois dos ataques

A semana termina com a França em caos. E a tendência é que as consequências dos múltiplos ataques se espalhem para a Europa. E quando digo isso me refiro a dois aspectos especificamente: a política de segurança europeia e a política interna de cada um dos países. 

Não é surpresa que já nesta sexta-feira o partido de extrema-direita Frente Nacional tenha começado a tentar capitalizar com a divulgação da hashtag “fique tranquilo e vote FN”. Ao jogar pelo ralo a possibilidade de uma análise mais completa sobre a situação, a FN tende a concluir politicamente o que o fundamentalismo islâmico começou com armas: a polarização, o distanciamento. A experiência humana mostra que, quando isso acontece, os conflitos se aprofundam. E, quando isso acontece, o impasse persiste.

É claro que ninguém é inocente de imaginar ser possível dialogar com organizações como o Estado Islâmico, por exemplo. Mas é importante dizer que, por mais que o terrorismo seja um problema global, todos os envolvidos nesses dias inglórios são cidadãos franceses. Terroristas que invadiram e assassinaram jornalistas e cartunistas, policiais, reféns. Vítimas e algozes têm em comum uma característica que não pode passar despercebida: são todos franceses. E aí tenho certeza de que a França não irá desperdiçar esta oportunidade de promover um debate amplo sobre identidade nacional, terrorismo, inclusão e exclusão. 

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Terrorismo na França fortalece bandeiras e slogans do radicalismo

O atentado à revista francesa Charlie Hebdo acontece num momento delicado. Ao ampliar o cenário, fica fácil perceber a gravidade das consequências da ação dos três terroristas. 

Na Alemanha, por exemplo, a imigração de refugiados da guerra civil síria tem dividido o país, gerando manifestações contrárias à absorção daqueles que fogem do conflito. Como de costume, a extrema-direita tem se aproveitado da situação para se fazer presente, polarizando as posições. O grupo chamado de Pegida (em alemão, o significado da sigla não poderia ser mais alarmante: “Europeus patriotas contra a islamização do Ocidente”)  reúne radicais de muitas fidelidades – o que é especialmente delicado na Alemanha. 

A partir de agora, existe a possibilidade de que movimentos deste tipo ganhem força. Acrescente-se ao atentado terrorista a situação de fragilidade econômica europeia e fica fácil perceber o desafio que os governos nacionais da Europa precisarão enfrentar. Na França, a população irá cobrar respostas do presidente François Hollande. Na esteira do que está por vir, é possível que o partido de extrema-direita Frente Nacional tente capitalizar. Aliás, todos os partidos de extrema-direita – as legendas já estavam conseguindo resultados políticos importantes graças à crise econômica. 

Talvez os três atiradores não tivessem a mínima capacidade de análise quando decidiram realizar o ataque à revista, mas é evidente que a espiral de consequências mostra um resultado simples: os diferentes radicalismos se retroalimentam. No caso, o terrorismo fundamentalista islâmico impulsiona a extrema-direita. Esta tem sido, aliás, a dinâmica a marcar as relações entre os grupos radicais neste século 21. E é claro que a extrema-direita europeia e o fundamentalismo islâmico sempre se regozijam quando a polarização se aprofunda e a violência grita mais alto que a racionalidade. 

E no meio deste confronto entre radicalismos estão os cidadãos comuns – os que mais sofrem as consequências de atos e reações.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Na França, terrorismo atinge jornalistas para calar a democracia

O terrorismo é uma forma de intimidação. O termo é autoexplicativo; a ideia é aterrorizar, causar medo e forçar seus opositores a recuar. Ao buscar o uso indiscriminado e deliberado da violência propositalmente voltado contra inocentes, está, portanto, deslegitimado. O que significa, claramente, que, sejam quais forem as supostas desculpas teóricas que tentam justificá-lo, simplesmente não é um método aceitável. 

Diante disso, o terrorismo presta um grande desserviço a qualquer causa porque, seja qual for esta causa, ela se torna automaticamente ilegítima a partir de sua forma de expressão violenta. Escrevi tudo isso porque imagino o que vem por aí; não me surpreenderei se, em algum momento, alguém disser que o ato de assassinato indiscriminado de trabalhadores da revista Charlie Hedbo tenha sido causado pela publicação de charges ou caricaturas ofensivas ao islamismo. Este não pode ser o foco da discussão a partir de agora. Cabe uma grande condenação ao ato e a seus autores, não do conteúdo da revista. 

Em virtude das caricaturas, a sede da revista já havia sido queimada, em novembro de 2011. Agora, o assassinato de jornalistas e desenhistas é um encerramento de um ciclo que tinha como objetivo calar a publicação e o que ela representava: a livre expressão. A lei existe para combater eventuais abusos da imprensa. A sociedade é o meio transparente de debater seus limites. Assassinatos e atos de violência não são parte do repertório democrático. Simples assim. 

Em setembro de 2012, após mais uma série de publicações polêmicas, o jornalista Laurent Leger deu uma declaração que serve perfeitamente para os acontecimentos deste 7 de janeiro:

“Na França, sempre temos o direito de escrever e desenhar. Se há aqueles que não estão felizes com isso, podem nos processar e nós podemos nos defender. Assim é a democracia. Você não joga bombas, mas discute, debate. Precisamos resistir à pressão do extremismo”. 

Os jornalistas e desenhistas da revista precisaram pagar com as próprias vidas pela ousadia da livre expressão e do humor. 

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Lideranças políticas de palestinos e israelenses não conseguem traçar estratégias de longo prazo

A ideia do presidente palestino, Mahmoud Abbas, de se filiar ao Tribunal Penal Internacional (TPI) mostra como a liderança política palestina precisa de algum ganho real. Com a popularidade do Hamas em alta, Abbas entendeu que era necessário conseguir ao menos um resultado relevante para ser usado publicamente de forma a retomar seu prestígio bastante abalado durante o ano de 2014. Mesmo diante das perdas humanas e de infraestrutura em Gaza, o Hamas ainda sim conseguiu a manutenção de seu status diante da população palestina. O conceito de “resistência” a partir de ataques com mísseis lançados contra Israel permanece como narrativa aderente. 

Em boa medida, isso mostra o fracasso de visão estratégica das lideranças políticas oficiais de israelenses e palestinos. Ao enfraquecer a Autoridade Palestina, de Abbas, e terminar a guerra em Gaza com um acordo com o Hamas, Benjamin Netanyahu acabou por fortalecer o grupo terrorista baseado em Gaza. A ideia de Netanyahu parece ser a de deixar a situação do jeito que está, mantendo o impasse político e, a cada dois anos, respondendo aos mísseis lançados pelos Hamas. Se isso lhe permite continuar à frente do governo de Israel, por outro lado impede que a disputa entre israelenses e palestinos seja resolvida em bases políticas sólidas – e encerrar o conflito é certamente o interesse das população de Israel e dos territórios palestinos. O processo de paz está parado em função destes aspectos; da falta de vontade política de Netanyahu e da falta de visão estratégica de Abbas, que não percebe suas oportunidades políticas e acaba fazendo o jogo deste governo de Israel – ao se filiar ao TPI, a Autoridade Palestina certamente dá a Netanyahu um argumento forte o bastante para que se mantenha distante da mesa de negociações. 

Considerando que existe a possibilidade de um novo cenário em Israel, talvez Abbas pudesse tomar medidas políticas mais contundentes a partir do resultado das próximas eleições israelenses marcadas para o próximo mês de março. Há novos partidos surgindo em Israel e novas possibilidades de coalizão. Seria interessante aguardar, uma vez que há chances de lideranças políticas israelenses mais interessadas na retomada do processo de paz fazerem parte do próximo governo, caso da ex-ministra da Justiça Tzipi Livni (foto), por exemplo, que coordena um bloco de centro-esquerda com Isaac Herzog, líder do Partido Trabalhista israelense.