Acabou. Infelizmente, é esta a mais pura e absoluta verdade. Após sete anos e meio e mais de 125 textos o meu blog VivaVoz teve sua falência decretada. Confesso que deveria usar uma palavra mais apropriada para isso. Sei exatamente qual é, mas tenho um medo extremamente infantil dela e por isso optei pela praticidade do termo “falência”. Estou oficialmente impedido de publicar novos textos. O culpado tem nome, endereço, razão social, advogados e milhões de reais em lucros.
Segundo um amigo que trabalha por lá, a culpa foi minha. Compreendo sua explicação. Afinal, o último texto foi postado em 25 de maio passado. Segundo ele, a política oficial da empresa é acabar com o livre acesso de quem deixa seu blog “entregue às moscas virtuais” por tanto tempo. Para voltar a ter acesso a tudo o que você mesmo criou, só sendo assinante (!). Como todos os criadores de blogs, compradores de eletrodomésticos e moradores de condomínios do planeta não fiz o básico: ler os termos dispostos ou, nos casos listados, o manual de usuário e a convenção do prédio, respectivamente. Nada mais chato do que isso.
E, assim, eu, que ao longo deste tempo com o já saudoso VivaVoz (pelo menos pra mim) tentei transmitir minhas idéias livremente, fui punido pela indisciplina de não ler a política oficial do novo dono do Blogger (cujo nome não revelarei pois não faço publicidade gratuita).
Mas como costuma repetir quem gosta de consolar os amigos que perdem empregos, namoradas, têm os carros roubados e blogs confiscados, toda e qualquer mudança é positiva (tenho sérias dúvidas sobre este ditado, mas por hoje não darei maiores explicações). E aqui estou eu insistindo em escrever. Com a lição aprendida, prometo nunca mais prometer ficar tanto tempo sem publicar meus textos.
E por falar neles, retorno ao assunto de meu saudoso VivaVoz. Graças ao amigo cujo emprego pretendo manter e por isso sua identidade permanecerá incógnita, consegui ao menos entrar em meus antigos arquivos virtuais. Salvei em meu computador cada um dos textos. E sou obrigado a abrir o jogo. Poucas vezes passei por experiências tão emocionantes. Reli cada um deles e também os respectivos e sinceros comentários de meus fiéis amigos-leitores (é bem verdade que mais amigos que leitores).
Passei por um processo de recuperação de memórias e lembranças num turbilhão só. Involuntariamente, o exercício de copiar, colar e salvar tudo o que escrevi ao longo destes últimos sete anos e meio me permitiu pensar sobre mim mesmo em cada um dos momentos em que – nem sempre diante do computador – encarei a folha em branco. Há muita coisa sofrível, principalmente daquele já longínquo outubro de 2001. Mas, mesmo meu primeiro texto foi importante. Lembro-me de tê-lo escrito na redação do GNT numa noite em que o trabalho já havia terminado e decidi arriscar a criação do blog.
Pude relembrar cada momento de alegria e tristeza desta década tão importante em minha vida. O fim do estágio, a busca pelo primeiro emprego, a dor da perda de dois avós muito significativos, a solidão após um término inesperado. Mas coisas boas também. O encontro com os amigos e a volta por cima em todas as dificuldades pelas quais passei.
Em 2006, consegui me lembrar de todos os textos escritos em Israel. Como não tinha computador pessoal disponível a qualquer instante, revivi a redação silenciosa na biblioteca da universidade ou na casa de meus tios, e a dificuldade de escrever num caderno durante a dura, fria e longa estadia no centro de absorção.
É claro que não poderia deixar de mencionar a vontade que ainda tenho de terminar o romance envolvendo meu personagem, Renato Viana. Além da intenção de transformar tudo isso e mais os textos deste novo blog em livro. Afinal, como Raul Seixas já cantou em “A Verdade sobre a Nostalgia”, “Na curva do futuro muito carro capotou / Talvez por causa disso que a estrada ali parou / Porém, atrás da curva / Perigosa eu sei que existe / Alguma coisa nova / mais vibrante e menos triste”.
Segundo um amigo que trabalha por lá, a culpa foi minha. Compreendo sua explicação. Afinal, o último texto foi postado em 25 de maio passado. Segundo ele, a política oficial da empresa é acabar com o livre acesso de quem deixa seu blog “entregue às moscas virtuais” por tanto tempo. Para voltar a ter acesso a tudo o que você mesmo criou, só sendo assinante (!). Como todos os criadores de blogs, compradores de eletrodomésticos e moradores de condomínios do planeta não fiz o básico: ler os termos dispostos ou, nos casos listados, o manual de usuário e a convenção do prédio, respectivamente. Nada mais chato do que isso.
E, assim, eu, que ao longo deste tempo com o já saudoso VivaVoz (pelo menos pra mim) tentei transmitir minhas idéias livremente, fui punido pela indisciplina de não ler a política oficial do novo dono do Blogger (cujo nome não revelarei pois não faço publicidade gratuita).
Mas como costuma repetir quem gosta de consolar os amigos que perdem empregos, namoradas, têm os carros roubados e blogs confiscados, toda e qualquer mudança é positiva (tenho sérias dúvidas sobre este ditado, mas por hoje não darei maiores explicações). E aqui estou eu insistindo em escrever. Com a lição aprendida, prometo nunca mais prometer ficar tanto tempo sem publicar meus textos.
E por falar neles, retorno ao assunto de meu saudoso VivaVoz. Graças ao amigo cujo emprego pretendo manter e por isso sua identidade permanecerá incógnita, consegui ao menos entrar em meus antigos arquivos virtuais. Salvei em meu computador cada um dos textos. E sou obrigado a abrir o jogo. Poucas vezes passei por experiências tão emocionantes. Reli cada um deles e também os respectivos e sinceros comentários de meus fiéis amigos-leitores (é bem verdade que mais amigos que leitores).
Passei por um processo de recuperação de memórias e lembranças num turbilhão só. Involuntariamente, o exercício de copiar, colar e salvar tudo o que escrevi ao longo destes últimos sete anos e meio me permitiu pensar sobre mim mesmo em cada um dos momentos em que – nem sempre diante do computador – encarei a folha em branco. Há muita coisa sofrível, principalmente daquele já longínquo outubro de 2001. Mas, mesmo meu primeiro texto foi importante. Lembro-me de tê-lo escrito na redação do GNT numa noite em que o trabalho já havia terminado e decidi arriscar a criação do blog.
Pude relembrar cada momento de alegria e tristeza desta década tão importante em minha vida. O fim do estágio, a busca pelo primeiro emprego, a dor da perda de dois avós muito significativos, a solidão após um término inesperado. Mas coisas boas também. O encontro com os amigos e a volta por cima em todas as dificuldades pelas quais passei.
Em 2006, consegui me lembrar de todos os textos escritos em Israel. Como não tinha computador pessoal disponível a qualquer instante, revivi a redação silenciosa na biblioteca da universidade ou na casa de meus tios, e a dificuldade de escrever num caderno durante a dura, fria e longa estadia no centro de absorção.
É claro que não poderia deixar de mencionar a vontade que ainda tenho de terminar o romance envolvendo meu personagem, Renato Viana. Além da intenção de transformar tudo isso e mais os textos deste novo blog em livro. Afinal, como Raul Seixas já cantou em “A Verdade sobre a Nostalgia”, “Na curva do futuro muito carro capotou / Talvez por causa disso que a estrada ali parou / Porém, atrás da curva / Perigosa eu sei que existe / Alguma coisa nova / mais vibrante e menos triste”.
Um comentário:
Eu me solidarizo contigo, Henry meu irmão. Guardadas as proporções, A Divina Tragicomédia teve eu desfecho semelhante. Seu fim melancólico foi particularmente duro porque eu tinha me comprometido a voltar a escrever n'A Divina Tragicomédia para valer após um dos costumeiros períodos no limbo que o blog atravessou. E a angústia foi grande por não conseguir entender porque diabos eu não tinha mais acesso ao meu próprio blog. E foi você, meu nobre e fiel Henry, que saciou a dúvida angustiante.
Mas imagino que a nostalgia pelo Viva Voz seja muito maior, por conta de sua escrita prolífica e consistente, e rica, com direito inclusive a um romance protagonizado pelo Renato Viana. Hoje sou parte da equipe do M.O.I.S.H.E.-H.E.S.S. e sou o mais dedicado escritor de nosso blog, http://moishe-hess.blogspot.com, mas são coisas bem distintas. O blog do MOISHE-HESS visa fazer uma divulgação do movimento e falar de assuntos pertinentes à cultura judaica sob um viés crítico de esquerda. O debochado senso de humor insolente d'A Divina Tragicomédia, com sua crítica sardônica e mordaz à classe política está liqüidado, com suas poucas amostras que eu e o Bernardo Poças de fato escrevemos eternos reféns da picaretagem da equipe do Blogger.
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