Curiosamente, logo após o encontro do G-20 em São Petersburgo, a Rússia apresenta o que pode ser o início de uma solução para o impasse na Síria. A ideia do governo russo certamente foi fruto das conversas de bastidores do encontro entre líderes das maiores economias do mundo. Ela é reflexo, por excelência, do jogo político internacional cujo objetivo, no caso sírio, é evitar o pior: uma nova guerra no Oriente Médio. Para completar, a solução deve ser boa o bastante para não deixar o presidente americano exposto (já explico isso).
Segundo o que se disse ao longo da segunda-feira, o plano apresentado pelos ministros das Relações Exteriores de Síria e Rússia é colocar todo o arsenal químico de Bashar al-Assad sob vigilância de monitores internacionais. Publicamente, tanto o presidente Obama como o secretário de Estado John Kerry já disseram que esta medida seria suficiente para impedir a intervenção americana.
Antes do G-20, Obama esteve sob pressão em nome de sua coerência e da política externa dos EUA para os próximos anos. No texto anterior me estendi bastante sobre este assunto, mas não custa resumir; em 2012, o presidente americano deixou bem claro que, em relação à Síria, o limite final de tolerância seria o uso de armamento químico durante o conflito no país. Com fortes indícios de que isso teria ocorrido já em duas ocasiões, Obama ficou exposto: atacar a Síria para punir os responsáveis pelo ataque e se envolver numa nova guerra de consequências e duração imprevisíveis ou não fazer nada e correr o risco de perder a credibilidade (principalmente diante de países e entidades não-estatais com os quais os EUA mantém relação retórica tensa nos últimos anos em virtude de seus arsenais)?
A aparente saída encontrada é a única capaz de resolver o problema de Obama, até porque, para piorar sua situação, nem o Congresso, em Washington, nem os cidadãos do país parecem ter comprado a ideia de uma nova ação militar no Oriente Médio. Se a solução russa for adiante, este grande problema multifacetado do presidente americano pode estar resolvido por ora. Mais uma vez, o realismo político dá evidências de sua força.
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