Neste final de semana, forças especiais americanas foram responsáveis por duas importantes ações no continente africano cujas consequências na chamada “Guerra ao Terror” exponho brevemente neste post. Na Líbia, um comando dos EUA teve sucesso ao capturar Abu Anas al-Libi, acusado de participação nos atentados às embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia, em 1998; na Somália, uma equipe não conseguiu prender um dos líderes do al-Shabaab, grupo extremista responsável recentemente pelo ataque ao shopping center em Nairóbi.
Um dos aspectos mais interessantes é que ambas as ações tiveram como objetivo prender, não matar, dois inimigos declarados dos EUA. Só isso mostra uma tremenda mudança; a cúpula do governo em Washington deixa muito claro que, em curto prazo, sabe que não será possível acabar com o terrorismo. Se durante a primeira década do século 21 assistimos a duas guerras contra o terror, agora há uma mudança drástica: os EUA adotam ataques pontuais cujos objetivos são coletar informações sobre o modo de operação de grupos terroristas.
Abertamente, deputados e fontes do governo americano tratam al-Libi como uma “mina de ouro”. Ele pode ser o caminho para mais informações e a compreensão do raciocínio e da forma de atuação de grupos radicais. E aí chego a outra conclusão importante e relativamente nova: se até bem pouco tempo atrás havia a tentativa de reduzir a importância de grupos como a al-Qaeda, por exemplo, e a alegação de que este tipo de inimigo agonizava, agora a prática é exatamente outra. Não apenas este tipo de oponente está mais vivo do que nunca, mas a forma de combate deve levar em conta que é preciso considerar enfrentamentos em longo prazo.
Ou seja, o próprio conceito de “Guerra ao Terror” mudou. A expressão criada no governo George W. Bush a partir dos atentados de 11 de Setembro foi revista. Durante pouco mais de dez anos duas guerras foram travadas com a ilusão de que elas seriam capazes de pôr fim ao terrorismo global e livrar os americanos deste tipo de ameaça. O governo Obama admite, na prática, a ineficácia da estratégia adotada durante este período e deixa muito claro que, de agora em diante, uma nova forma de olhar e combater o terrorismo está começando. A primeira década de luta entre os EUA e o fundamentalismo islâmico teve fim neste final de semana.
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