Na última semana escrevi sobre a nova onda de violência em Israel, especificamente em Jerusalém. Para retornar muito rapidamente a este assunto, acredito que pode estar em curso uma mudança nos padrões de ataques ao país.
E isso seria muito surpreendente, mesmo para as autoridades israelenses – que convivem há muito tempo com o terrorismo organizado. O modo de operação dos ataques recentes apresenta uma nova realidade: pequenos assassinatos nas ruas das cidades (Jerusalém inicialmente, mas nesta semana também em Tel Aviv).
Há alguns elementos novos e curiosos nesta prática: ela aparentemente mobiliza cidadãos árabes-israelenses; esses cidadãos árabes-israelenses não estão vinculados a grupos terroristas tradicionais. Esses dois fatores podem parecer simples, mas mudam completamente a realidade e as respostas possíveis de Israel (anteriores e posteriores aos atentados).
As duas questões estão interligadas. Por isso, a principal análise diante delas é a seguinte: se alguns cidadãos árabes de Israel (cerca de 20% da população do país) se mobilizam a ponto de um dia jogar o carro num grupo de pedestres, como prevenir esses ataques?
Historicamente, Israel usa fontes de informação para prevenir tentativas de atentado, mantém uma rede de informantes mesmo dentro dos territórios palestinos e os serviços de segurança estão sempre atentos aos movimentos de grupos armados, como o Hamas, por exemplo. Mas como impedir que pessoas que jamais estiveram vinculadas a esses grupos – e com cidadania israelense – um dia se levantem da cama e decidam, por elas mesmas, atacar outros cidadãos? Parece um raciocínio simplório, mas ainda não há resposta a isso. Até porque, na prática, é possível que nunca haja uma fórmula para impedir este tipo de ataque, principalmente porque os agentes das ações não estão “mapeados” como possíveis ameaças.
Se esta nova realidade se mostrar uma tendência, não acredito que irá demorar muito tempo para que os grupos terroristas encontrem neste tipo de empreitada individual um caminho a ser seguido. E aí Israel terá de enfrentar uma ameaça nova, possivelmente sistemática e com possibilidade de prevenção muito mais complicada.
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