Ainda sobre o atentado de ontem, é importante fazer algumas reflexões. Acho que, pelo menos por ora, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, pode ser o mais prejudicado politicamente. Abbas perdeu algumas chances de demostrar estar disposto a colaborar com o processo de paz. Decisões erradas e comentários no mínimo inoportunos podem prejudicar sua legitimidade como parceiro das iniciativas de paz e suas pretensões de encontrar apoio principalmente de líderes europeus e americanos.
Após as recentes polêmicas envolvendo o Monte do Templo/Esplanadas das Mesquitas (clique aqui para mais detalhes), o presidente palestino optou por surfar na onda do lugar-comum (para dizer o mínimo). Conclamou os palestinos a “proteger” a área e ameaçou uma “guerra santa” se a região fosse “contaminada” pelos judeus. Esta certamente não é a postura de um líder internacional que se pretende legítimo pelos parceiros para pavimentar os diálogos para a paz.
Nesta terça-feira, após o ataque à Sinagoga, Abbas condenou os assassinatos. As próprias autoridades de segurança de Israel têm dito que o presidente palestino não tem contribuído com o terrorismo. Mas daí a fazer essas declarações e imaginar que elas não reverberariam entre os palestinos seria ingenuidade. E claro que Mahmoud Abbas não é ingênuo e sabia que ratificar as posições religiosas e nacionalistas em torno do Monte do Templo/Esplanada das Mesquitas seria o equivalente a riscar o fósforo. E foi isso o que aconteceu.
O processo de paz nunca esteve tão ameaçado. Não em função apenas do que aconteceu na sinagoga em Jerusalém. Mas porque Mahmoud Abbas abandonou a postura moderada. Mesmo que seja apenas publicamente, mesmo que intimamente ele continue comprometido com o pragmatismo, não é suficiente. Os grandes líderes devem ter a coragem de expor publicamente suas posições sobre o que julgam correto. Abbas fez exatamente o contrário.
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