sexta-feira, 1 de junho de 2012

Eleições nos EUA: muito dinheiro e vale tudo na campanha


O ex-governador de Massachusetts Mitt Romney será o adversário de Obama nas eleições presidenciais americanas deste ano. Apesar de os EUA precisarem muito de ideias para sair da crise, a campanha será marcada pela retórica do confronto entre os concorrentes e de pesados ataques mútuos. Da parte de Romney, pode-se esperar de tudo. Franco atirador e bancado pelo movimento Tea Party (foto), os argumentos que serão postos na mesa irã englobar principalmente a suposta capacidade administrativa do candidato republicano e da igualmente suposta incapacidade de Obama de gerar empregos. 

Num país em crise econômica, a necessidade de fazer a roda girar novamente é enorme. Em disputa, duas visões antagônicas. A de Obama, que defende algum papel do Estado não apenas como regulador, mas também como agente da economia e – o que é muito ofensivo aos republicanos – de bem-estar social aos cidadãos mais pobres. E, do outro lado, a onda avassaladora dos republicanos e, com mais agressividade, do Tea Party – que considera quase qualquer intervenção estatal um passo ameaçador rumo ao “socialismo”. Por mais que este tipo de argumento soe um tanto risível por aqui, não esperem nada muito mais complexo que isso.

Já se pode ter certeza de qual será a plataforma de ataque de Romney. Sua campanha vai girar em torno da mensagem central de que é preciso colocar no principal cargo executivo e político do planeta alguém com experiência administrativa e capaz de comandar os EUA como uma grande empresa. Os republicanos – e, não custa repetir, o Tea Party, principalmente – vão insistir na ideia de que Romney é a peça-chave desta articulação, alguém com as características necessárias para gerar empregos (a ideia é repetitiva mesmo). Desde agora, este é o discurso oficial de campanha. 

Vale tudo mesmo. A ponto de Romney chegar a defender publicamente o absurdo de que seria importante alterar a constituição para incluir uma nova exigência obrigatória a candidatos a presidente: além da idade mínima de 40 anos e do nascimento em território americano, ele defende a necessidade de experiência de pelo menos três anos como homem de negócios. É para rir mesmo. Saibam que, se a ideia fosse adotada, seis dos dez presidentes mais populares da história dos EUA jamais teriam ocupados seus cargos (um deles, o próprio John F. Kennedy).

Curiosamente, no entanto, o ponto fraco de Romney é justamente seu passado de empresário à frente da Bain Capital, empresa que comprou outras companhias e promoveu grandes reestruturações. O problema é que esses processos acabaram cortando muitos empregos. O caso da usina GS Technologies vai ser extensamente explorado pela campanha democrata. Menos de dez anos depois de ser comprada justamente pela Bain Capital de Romney, a empresa foi fechada, causando a demissão de 750 funcionários. Apesar disso, a Bain não deixou de lucrar: recebeu 12 milhões de dólares e mais 4,5 milhões pela “consultoria”. É um prato cheio para os estrategistas de Obama. 

Por falar nisso, a disputa atual tem tudo para bater todos os recordes de arrecadação. Os republicanos estão dispostos a investir 1 bilhão de dólares para conseguir convencer os eleitores a não dar mais quatro anos de mandato a Barack Obama. Esta cifra é absurda principalmente quando comparada ao recorde anterior: em 2008, a candidatura do então fenômeno Obama conseguiu arrebatar 750 milhões de dólares. Nunca é demais lembrar quem está por trás da campanha de Romney – os irmãos Koch, empresários que inventaram o movimento Tea Party e principais interessados em reduzir ao máximo o papel do Estado na economia. Somente os Koch irão investir em Romney 370 milhões de dólares a mais do que todo o montante arrecadado na campanha de John McCain quatro anos atrás. 

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