quinta-feira, 12 de julho de 2012

Se a al-Qaeda tomar a Síria, o jogo regional no Oriente Médio muda por completo


É certo que a al-Qaeda está atuando na Síria. E várias das “franquias” do grupo terrorista: a al-Qaeda do Iraque e também sua versão conhecida como al-Qaeda da Península Arábica. Em jogo a vitória geopolítica que envolve não apenas a derrubada do regime alauíta de Assad e seus aliados xiitas, mas a também a desconstrução do próprio Estado sírio e da aliança xiita entre Síria e Irã. 

A vitória do grupo terrorista sunita serve a interesses de grupos distintos: ao eixo sunita – representando principalmente pelas monarquias do Golfo Pérsico e o Egito – apoiado pelos EUA e, parece, pelo Turquia – cuja posição de independência estratégica fez com que seu governo se aproximasse, neste momento, do Ocidente. Se Assad cair, este poderá ser o golpe fatal nas pretensões dos xiitas – leia-se, Irã. 

Ao contrário do que se imagina, a queda do Irã através da derrubada de Assad não atende, necessariamente, às expectativas de Israel. Se a situação de impasse entre israelenses e sírios existe desde a fundação do Estado judeu, em 1948, trata-se, no entanto, de um impasse relativamente tranquilo. Israel e Síria não desfrutam de relações de qualquer natureza, muito pelo contrário. No entanto, a fronteira síria é a mais calma, do ponto de vista israelense. Há pouca movimentação e o que existe, na prática, é uma espécie de acordo silencioso. 

Para Israel, Bashar al-Assad é um ditador que se opõe à própria existência do Estado judeu. Mas ele não representa uma ameaça real e, ao menos, os serviços de inteligência israelenses já o conhecem profundamente. Seus movimentos são monitorados e o perigo que as forças sírias representavam em tempos de estabilidade no país era próximo de zero. Mas se o presidente-ditador for deposto e o Estado sírio entrar em colapso, esta situação muda por completo. E, mais ainda, se a Síria se transformar num posto avançado da al-Qaeda, é bem provável que a fronteira entre o país e Israel volte a ser o lugar movimentado de outros tempos, exigindo esforços de segurança e inteligência por parte de Jerusalém. 

Vale o exemplo egípcio. Até hoje ninguém sabe quais serão as diretrizes deste novo país – isso porque Mubarak foi deposto pelos militares, houve eleições e, bem ou mal, as instituições do Egito continuam a existir. Imagine se a Síria se transformar num novo Iêmen? Ou numa nova Somália? – dois dos frágeis Estados que acabaram entrando em colapso muito por conta da atuação da al-Qaeda. 

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