terça-feira, 11 de setembro de 2012

11 de Setembro 11 anos depois


11 de setembro é mais que uma data; é uma oportunidade de análise sobre os desdobramentos dos atentados mais ousados cometidos em solo americano de acordo com o que está acontecendo na história presente do mundo e, claro, especificamente dos EUA. 11 de Setembro se escreve com maiúsculas numa forma de deixar evidente que este é um termo que deu aos americanos e também ao mundo todo – num dos raros eventos que unem Oriente e Ocidente – a certeza de construção e vivencia da própria História – o acontecimento divide o curso dos demais acontecimentos entre antes e depois, não tenho nenhuma dúvida quanto a isso. 

E neste dia ainda mais simbólico – 11 anos do 11 de Setembro – estamos todos há menos de dois meses da disputa eleitoral mais importante do planeta. O presidente americano ainda é o homem mais poderoso do mundo sob o ponto de vista político e militar e isso afeta o mundo inteiro. A atual campanha e a política americana desde 2001 foram moldadas pelo 11 de Setembro. Curiosamente, neste dia que marca os 11 anos dos atentados, dá para dizer que este é o momento em que o discurso em torno do assunto está mais fraco. Não porque os americanos deixaram as cerimônias e as lembranças de lado, mas porque a crise é o tema central da campanha. 

É claro que nenhuma autoridade vai dizer isso abertamente, mas a ameaça da al-Qaeda é limitada. Sem liderança central, com territórios de atuação, treinamento e recrutamento cada vez mais vigiados, o grupo terrorista se enfraqueceu. O discurso oficial dos EUA ainda é cauteloso; as palavras são cuidadosamente estudadas de forma a deixar claro que os terroristas são “adaptáveis e capazes de se recuperar de perdas terríveis para (prosseguir) com o recrutamento de forma a levar adiante mais ataques”. É isso o que disseram autoridades americanas ouvidas pelo New York Times. Eu digo que o ciclo de protagonismo da al-Qaeda no mundo se encerrou por ora. Se o grupo conseguir se reagrupar, angariar mais fundos, territórios e conseguir conquistar os corações das pessoas comuns, aí isso pode mudar. Aliás, acho que a situação na Síria é importante também por este aspecto, mas prefiro me dedicar a este assunto num texto específico. 

Não é por acaso que os americanos perderam interesse nos assuntos internacionais. Não apenas pelo declínio da al-Qaeda, mas também – e principalmente – pelas perdas econômicas domésticas. O 11 de Setembro será sempre lembrado e é um ponto importante no momento atual. Mas certamente menos importante do que foi, digamos, há cinco anos. O que ilustra muito bem a maneira como a campanha deve encaixar os atentados nos debates entre Romney e Obama é a frase brilhante do vice-presidente Joe Biden em seu discurso na convenção democrata: “Osama bin Laden está morto, mas a GM está viva”. Acho que a declaração resume bem o peso desses dois temas para os EUA hoje.  

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