quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Obama começa a mostrar suas intenções internacionais para os próximos quatro anos


Certamente, o ano de 2013 será de importantes mudanças internacionais. O terremoto político e social que tomou conta do Oriente Médio desde 2011 vai prosseguir e, por isso, os governos do mundo inteiro que pretendem não ficar alheios a tudo isso precisarão se posicionar. E, com quatro anos de governo pela frente, o presidente Obama está muito interessado em exercer sua vocação internacional. Este é o principal movimento a que devemos assistir no próximo ano; um novo posicionamento de Washington em coordenação com a nova realidade do Oriente Médio. 

Já há alguns sinais deste movimento. Eles são lentos porque devem começar a ser explicitados a partir da primeira semana do ano que vem. Sabe-se, no entanto, que nomes importantes deverão deixar suas funções no governo, como é o caso da Secretária de Estado Hillary Clinton. Hillary fez uma boa gestão à frente do cargo mais fundamental na área de política externa, mas deixará uma impressão ruim na saída, na medida em que relatório mostra falhas de segurança e análise diretamente responsáveis pelo sucesso do atentado ao consulado americano em Benghazi, na Líbia. 

E, claro, os nomes dos sucessores têm sido ventilados. O ex-candidato John Kerry – derrotado por George W. Bush nas eleições presidenciais de 2004 – é o nome mais cotado para assumir. Para outro cargo importante, o de secretário de Defesa, há indícios de que Obama pode vir a escolher o ex-senador republicando Chuck Hagel (foto). E aí começa a primeira grande polêmica do novo governo; enquanto senador, Hagel assumiu posições contrárias a Israel em diversas ocasiões: recusou-se a assinar cartas de apoio ao país, recusou-se a pressionar a União Europeia para incluir o Hezbollah na lista de organizações terroristas (lembrando que a milícia xiita do Líbano foi o grupo que mais matou americanos depois da al-Qaeda); posicionou-se favoravelmente a negociações diretas com o Hamas; e, mais importante de tudo, votou contra a aplicação de sanções ao Irã de forma a pressionar o país a abandonar sua busca por capacidade nuclear. Hagel também é abertamente contrário a um eventual ataque às instalações nucleares iranianas. 

Ou seja, se Hagel de fato for nomeado para o cargo de Defesa mais importante dos EUA, o presidente Obama terá sido explícito de algumas maneiras quanto a seus objetivos para o Oriente Médio; não é segredo para ninguém o quanto o atual governo americano teme se envolver numa nova guerra na região – seria a terceira contra um país muçulmano em dez anos. Obama estaria também se posicionado no lado oposto ao atual governo israelense cujo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu foi o protagonista na ONU de um recado claro às intenções nucleares de Teerã. Quando a “linha vermelha” estiver próxima de ser ultrapassada – e pelos cálculos de Jerusalém isso deve acontecer entre março e junho do ano que vem – , algo deverá ser feito. E é muito óbvio que israelenses e iranianos não se sentarão à mesa para resolver o assunto. 

A nomeação de Hagel para comandar o Pentágono já é, por si só, uma maneira bastante explícita de Obama demonstrar como sua administração deverá atuar no Oriente Médio. Se Benjamin Netanyhau tinha alguma esperança de contar com a ajuda militar americana para frear as intenções do Irã, a resposta está dada. 

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