Repararam como os protestos na Turquia levaram muita gente a escrever que o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan é autoritário e antidemocrático e símbolo de uma liderança retrógrada e nacionalista? Pois é, Erdogan é parte disso sim, mas ele nunca mereceu antes a enxurrada de críticas de agora; não é curioso?
Erdogan, com a mesma personalidade que tem hoje – sem disfarçar absolutamente qualquer traço de seu mandato personalista, perdoem-me a redundância – se transformou no líder mais admirado do mundo islâmico e sua fama está longe de ter ficado restrita ao Oriente. À frente do governo turco, Erdogan e seu partido Justiça e Desenvolvimento (AKP) financiaram a flotilha que tentou furar o bloqueio israelense a Gaza, romperam laços com Israel, incrementaram a economia do país, fizeram novas alianças internacionais, silenciaram a oposição interna, criminalizaram o consumo de álcool e tentaram transformar a política de hoje em meio para reviver o passado Otomano.
Durante este tempo todo, Erdogan jamais foi punido, repreendido por outros líderes ou teve editoriais contrários na imprensa internacional. Muito pelo contrário, virou modelo a ser seguido, um paradigma contemporâneo para outros Estados islâmicos conseguirem atingir o equilíbrio entre política, religião, liberdades civis, democracia e imprensa livre. Quem mais precisa da Turquia são os EUA. A Casa Branca vai fazer o possível para evitar grandes alterações políticas por lá, uma vez que o governo turco é aliado estratégico em assuntos importantes: estabilização da Síria e as complicadas tentativas de desmobilização do programa nuclear iraniano.
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