segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Novos passos rumo a uma guerra aberta entre Israel e Irã


Alguns novos e importantes acontecimentos aumentaram ainda mais a temperatura do Oriente Médio. O clima de rivalidade, disputa e batalha retórica entre Israel e Irã atingiu níveis perigosos. A escalada rumo a uma guerra aberta entre os países tem ares de Guerra Fria, mas a tendência é que os discursos acirrados e provocações sejam, em algum momento, transportadas a um cenário de conflito dramático. O Irã deu o passo mais ousado até agora ao lançar sobre o território israelense um veículo aéreo não tripulado, popularmente chamado de Drone. 

Assumidamente lançado pelo Hezbollah, a milícia xiita libanesa, o veículo voou 56 quilômetro por Israel antes de ser abatido pela força área do país sobre uma floresta na fronteira com a Cisjordânia (foto). Se num primeiro momento havia fortes suspeitas sobre a participação iraniana no episódio, agora ela está confirmada. O líder do Hezbollah, xeque Hassan Nasrallah, declarou que a aeronave foi mesmo fabricada pelo Irã. A institucionalidade da ação foi reconhecida neste domingo pelo ministro da Defesa iraniano; o general Ahmad Vahidi parabenizou o Hezbollah e confirmou que o Drone foi fabricado no Irã. Além disso, autoridades do país anunciaram uma nova aeronave do gênero: chamada de Haazem, o modelo pode ser construído para voar distâncias curtas, médias e longas, podendo também ser equipado com mísseis capazes de efetuar bombardeios aéreos. 

Basta ligar os pontos entre tudo isso. Mais explícito do que o ocorrido, só uma declaração de guerra. Mas isso não vai acontecer. O próprio presidente Mahmoud Ahmadinejad diz que não irá disparar o primeiro tiro. E é capaz de levar adiante esta posição, até porque come pelas beiradas e não quer abrir mão do apoio internacional. Mas lançar um veículo sobre um país inimigo e menos de uma semana depois anunciar que este tipo de equipamento pode receber mísseis é uma maneira nem um pouco sutil de dizer a mesma coisa. Como os israelenses vão interpretar isso também está ficando claro aos poucos. 

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu anunciou a eleições antecipadas para janeiro. Seu governo não conseguiu aprovar o orçamento para o ano que vem e a manobra política de Bibi já era mesmo esperada. De acordo com pesquisas preliminares, o próximo gabinete deve continuar a ser comandado pelo atual líder israelense. Sua coalizão deve aumentar a participação no parlamento de 66 para 68 cadeiras. O Likud, partido do primeiro-ministro, deve manter a ponta como principal legenda e aumentar sua participação de 27 para 29 deputados. Muito além da aprovação do orçamento, acho que o objetivo de Netanyahu é realizar uma espécie de referendo sobre o eventual ataque ao programa nuclear iraniano. 


Mais do que ninguém, o primeiro-ministro de Israel quer cumprir suas promessas quanto à manutenção da segurança do país. No entanto, sabe das graves consequências de uma guerra e não quer arriscar seu nome político – e a história de sua família no cenário político de Israel – numa ação que corra o risco de não contar com apoio amplo da sociedade. De fato, pesquisas mostram a população israelense dividida neste assunto. As eleições talvez funcionem como uma espécie de chancela aos seus planos. A vitória quase certa nas urnas será interpretada como uma “divisão de responsabilidades”. Como menciona o ataque ao Irã há muito tempo, Netanyahu acredita que ninguém poderá alegar desconhecimento quanto ao que ele pensa a respeito e de como encara uma solução para as pretensões iranianas. 

Nenhum comentário: