terça-feira, 23 de outubro de 2012

Obama é o mais preparado para continuar comandante-em-chefe


Vou ser explícito logo de cara: a vitória no debate sobre política externa não muda nada no cenário das eleições americanas do dia 6 de novembro. Desculpem-me se magoei os mais sensíveis, mas Obama não vai levar a disputa por ter mostrado o despreparo de Mitt Romney quando confrontado com as muitas questões internacionais. A estratégia de Romney era simplesmente não ser humilhado. Empatar era vencer. Perder por pouco não era apenas aceitável, mas também previsível. 

E, claro, Romney tentou sempre que teve a oportunidade conectar a política externa aos problemas econômicos dos EUA. Obama se saiu bem e soube responder e virar o jogo até nesses casos. No placar frio dos três debates, o resultado final foi a vitória do presidente por dois a um. No entanto, os confrontos têm pesos distintos e, mais ainda, interpretações particulares. Hipoteticamente, derrubar o adversário nos três debates não garante sucesso nas urnas – até por conta do supercomplexo processo eleitoral americano. 

De volta ao debate desta segunda-feira, Obama foi mais agressivo, menos parcimonioso e focado em deixar claro (e ele teve sucesso nisso) o quanto política internacional lhe é familiar. E não somente isso: o quanto ele tem senso de responsabilidade de saber fazer uso de suas atribuições como comandante-em-chefe. E este é um ponto muito importante. 

No início deste texto disse que a vitória num debate sobre política externa não muda nada – ou muito pouco – no cenário eleitoral. Mas é bom deixar claro como a política externa é importante à presidência. Isso porque este é um dos raros temas que o presidente conta com quase autonomia absoluta no processo de decisão. Ser o comandante-em-chefe não é apenas uma forma de tratamento, mas a responsabilidade de ter o poder de colocar em ação as principais forças armadas do mundo. E por isso o debate é, ao mesmo tempo, importante, mas também pouco relevante do ponto de vista eleitoral. 

Em relação ao enfrentamento entre os candidatos, vimos que eles concordam na maior parte dos assuntos. Romney tentou implicar Obama numa espécie de armadilha quanto à aliança com Israel (ponto central do debate, inclusive). Não foi bem sucedido, uma vez que o presidente soube se sair bem, lembrando a cooperação militar sem precedentes e o exercício conjunto entre as forças dos países nesta semana. Romney ainda teve de ouvir Obama desdenhando de seus conhecimentos numa estratégia vencedora em que, a partir daí, ficou ainda mais clara a diferença entre os dois. 

De qualquer maneira, por mais interessante que tenha sido o embate, houve pouca novidade. Talvez o aspecto curioso tenha sido a declaração de Romney sobre o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad. O candidato republicano disse que iria buscar o indiciamento do iraniano por crimes de guerra devido ao incitamento de genocídio contra Israel. Soou como promessa de campanha, mas é muito pouco provável que, se eleito, Romney leve isso adiante. 

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