A crise ucraniana não vai dar em nada. Quer dizer, quem esperava guerra vai ter que continuar esperando. A Rússia anexou a Crimeia e vai ficar por isso mesmo. De forma muito pragmática, os envolvidos decidiram optar por discursos bonitos, promessas de ajuda mútua, sanções e nada além disso. Esta era a forma como enxergava a situação desde o começo. Diante dos não-acontecimentos após a decisão de Putin de tomar parte do território ucraniano, a Polônia é o país mais receoso – por mais que UE e EUA tenham prometido que não, não aceitarão de nenhuma maneira novas ambições russas sobre a antiga Cortina de Ferro. Este é o novo limite.
As chamadas “linhas vermelhas” têm mudado seu traçado cada vez mais, de forma a justificar a falta de disposição ocidental para entrar em novos conflitos. Não sem razão, claro. Comprar a briga alheia anda muito caro nesses novos tempos de crise econômica. Enfrentar a Rússia e a disposição de Putin de defender “a população russa” pelo mundo é o tipo de guerra que não leva a lugar algum. Pior para a Ucrânia. E a solução encontrada pela UE pune os ucranianos duplamente: só há defesa conjunta aos membros da Otan. Se a Ucrânia tivesse se aproximado do Ocidente antes, poderia contar agora com o aparato militar da organização. Como não o fez, está por conta própria, azar.
De qualquer maneira, vale dizer que a tendência agora é de acomodação. No encontro dos países do G7 em Haia, oficiais europeus e americanos deixaram claro que não houve pressão por sanções econômicas mais amplas ao governo Putin. Mas todos concordaram que, se a Rússia decidir intervir no leste ou no sul da Ucrânia, aí sim haverá pressão internacional por punições firmes a Moscou. Deu para entender?
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