A Crimeia quer ser anexada à Rússia. Este é o resultado do referendo deste domingo. Já no dia seguinte, a repercussão prática das partes que não aceitam a legitimidade do pleito: sanções internacionais de EUA e União Europeia. De acordo com pronunciamento de Barack Obama, as medidas têm como alvo 11 oficiais russos e ucranianos – dois deles conselheiros próximos ao presidente Putin.
Esta é uma guerra – por enquanto barulhenta e movimentada, mas não armada – baseada em realismo político. Se isso não está claro o bastante, vale dar uma lida no comunicado oficial da Casa Branca: “(as atividades russas) têm como objetivo enfraquecer processos e instituições democráticas na Ucrânia; ameaçar a paz, (sua) segurança, estabilidade, soberania e integridade territorial; e contribuir para a apropriação de seus ativos e, portanto, constituem incomum e extraordinária ameaça à segurança nacional e política externa dos Estados Unidos”. Ou seja, Washington considera as ações de Moscou como ameaçadoras não apenas aos ucranianos, mas também diretamente aos interesses norte-americanos.
O Conselho de Política Externa da UE seguiu Obama e foi adiante com sanções. São restrições à movimentação de pessoas e bens de 21 oficiais de Ucrânia e Rússia. O foco principal dessas medidas – americanas e europeias – é o isolamento do regime russo. A ideia é mandar uma mensagem clara a Putin e impedi-lo de ampliar sua ambição final de criar uma zona de proteção ao território do país (pelas razões que expus nos textos anteriores). A Rússia considera fundamental retomar para si parte do que perdeu com o fim da União Soviética (não estou brincando). Considerando-se sob permanente ameaça externa, a Europa Oriental é seu alvo prioritário. Os atuais Estados independentes da região nunca se sentiram tão apavorados como agora, justamente porque enxergam na anexação da Crimeia uma espécie de primeiro passo para as ambições futuras de Moscou.
Diante da fragilidade dos vizinhos (Estônia, Letônia, Lituânia, Bielorrússia, Moldávia, Bulgária e mais a Geórgia do outro lado do Mar Negro), a Polônia é o país que mais teme as consequências do impasse na Ucrânia. Podem ter certeza de que é o governo polonês o principal articulador das reações da União Europeia e a dos EUA.
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