O assassinato de três adolescentes israelenses sequestrados há 18 dias na Cisjordânia coloca o conflito israelense-palestino à beira do abismo. A partir de hoje, os dias serão ainda mais tensos na região.
A população israelense cobra de seu governo uma resposta. De sua parte, o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não irá recuar. Certamente, mobilizará todas as forças para encontrar respostas ao mistério que cerca o caso. Por mais que nenhum grupo tenha assumido a responsabilidade pelas mortes, é provável que o Hamas tenha participação. O posicionamento irônico da liderança do grupo de que não era o autor mas gostaria de parabenizar os articuladores do sequestro é apenas uma maneira de se posicionar. Para bom entendedor, isso já seria suficiente. No entanto, há outro aspecto que coloca o Hamas no foco.
A recente aliança entre Hamas e a Autoridade Palestina acabou por se tornar um problema para o presidente palestino, Mahmoud Abbas. A fragilidade da liderança da AP e o fracasso no avanço das negociações de paz fortaleceram a posição do Hamas, que já controlava Gaza. Desde o momento em que se tornou parte do governo, o Hamas precisava criar eventos capazes de esticar a corda das conversações de paz – com as quais não concorda – e impor sua agenda de violência que nega o diálogo de todas as maneiras. A cúpula do grupo terrorista sabia que sequestrar e assassinar crianças israelenses era o tipo de situação inaceitável à população de qualquer país. Em Israel não é diferente. A pressão da sociedade por uma resposta igualmente forte é previsível.
A ação do Hamas terá efeito imediato. O assassinato dos adolescentes deve marcar também o momento mais fragilizado do processo de paz. E junto a tudo isso pode arrastar também o presidente Abbas e qualquer posicionamento mais moderado presente na Autoridade Palestina. Para o Hamas, quanto pior, melhor.