Escrevi no ultimo post sobre as grandes ameaças em curso no Iraque. O texto de hoje trata da configuração curiosa que a situação pode adquirir.
Como os EUA ainda não deixaram claro como pretendem responder ao projeto de tomada do território iraquiano pela ISIS (Islamic State of Iraq and the Levant), resta especular. O principal interesse americano é evitar a tomada do país pelos terroristas sunitas. Na medida em que a geopolítica regional é determinada pelas divisões sectárias, caberá a Washington e a todos os demais atores interessados se posicionar. Ou estão com os sunitas ou com os xiitas. Os curdos têm autonomia em parte do Iraque e, da mesma maneira, querem impedir as ambições da ISIS.
Assim, curiosamente, em relação ao Iraque, americanos e iranianos estão do mesmo lado. Pelo menos do ponto de vista estritamente pragmático. O Irã é o maior país xiita do mundo e teme o projeto de expansão sunita empreendido pela ISIS. E, claro, os EUA não querem que seu desgastante processo de estabilização do Iraque seja afundado 11 anos depois (e depois de 4.400 americanos mortos e 56 bilhões de dólares investidos na reconstrução do país).
Ninguém sabe ainda como esta inusitada aliança entre Irã e EUA deve se concretizar. Mas, quando se fala de impedir a tomada sunita do Iraque (que, certamente, caso ocorra, não irá se restringir ao país), desentendimentos históricos, rivalidades políticas e profundas divergências ideológicas serão superados.
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