A intervenção militar dos Estados do Golfo no Iêmen ainda não conseguiu apresentar resultados práticos aos sunitas. Com o passar do tempo, inclusive, a situação começa a ficar delicada à Arábia Saudita, principal articuladora da ação e também o país mais interessado em disputar a hegemonia regional com o Irã em nome do eixo sunita. Um dos argumentos dos sauditas era de que um acordo ocidental com o Irã causaria uma corrida armamentista nuclear no Oriente Médio. Isso até pode vir a acontecer, mas a alternativa de recorrer ao aliado Paquistão não se concretizou.
Paquistão e Arábia Saudita mantêm, de fato, aliança de longa data. O próprio atual primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, foi abrigado pela Arábia Saudita após sofrer golpe militar do general Pervez Musharraf em 1999. Em função disso tudo, os sauditas contavam com a ajuda de Islamabad, principalmente porque o Paquistão já detém armamento nuclear. Tanto que no início da empreitada militar no Iêmen a imprensa saudita (imprensa controlada pelo governo, é bom ser claro) declarava que o Paquistão participaria da ofensiva. Isso não aconteceu. O primeiro-ministro Sharif transferiu a responsabilidade da decisão ao parlamento que, por sua vez, aprovou resolução mantendo a neutralidade paquistanesa - embora expresse apoio incondicional aos Estados do Golfo e à integralidade territorial saudita. Este ponto, inclusive, não quer dizer muito, na medida em que a Arábia Saudita iniciou a ofensiva ao Iêmen e, aparentemente, não há evidência de que seu território esteja de alguma maneira sob ameaça.
Para completar, o acordo entre as potências ocidentais e o Irã foi aprovado em termos mais abrangentes e, para azar os Estados do Golfo, a opinião pública ocidental recebeu os avanços do diálogo com entusiasmo. Assim, não apenas a ideia de mandar um recado militar ao Irã não atingiu o objetivo mais amplo de provocar um grande debate internacional sobre as ambições regionais da República Islâmica. Por ora, o Irã está mais fortalecido e o apoio dos aliados principais dos sauditas nesta questão (o Paquistão pela questão nuclear, e os EUA pelo histórico de sua política externa no Oriente Médio) está adormecido.
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