Ainda é muito cedo para cravar que Hillay Rodham Clinton será a candidata democrata à presidência americana nas eleições do ano que vem, mas é importante analisar alguns dados sobre a pré-candidata que já permitem imaginar como seria a sua diretriz política no cargo. Como membro do partido Democrata, Hillary tem um olhar mais progressista. Ninguém pode saber ao certo como será a abordagem de Clinton a assuntos importantes, como economia ou política externa, mas é possível dizer que deve dar continuidade ao posicionamento de Obama.
Na economia, deve optar por caminho mais assertivo que o liberalismo pragmático dos republicanos. Após a grande crise econômica de 2008 – e da lenta recuperação em curso dos EUA –, os democratas reforçaram a visão de que simplesmente deixar o mercado se regular sem qualquer intervenção – mesmo que mínima – é um risco que não deve mais ser assumido. O golpe econômico foi pesado, e a culpa, de maneira bem explícita, acabou recaindo sobre Wall Street – o mercado em sua versão mais hiperbólica. Hillary tem esta visão sobre a abordagem econômica.
No campo internacional, a situação é mais complexa. Hillary é vidraça em qualquer debate com os republicanos. Isso porque, mais do que nunca, esses 14 anos de mudança de paradigma geopolítico após setembro de 2001 impuseram desafios aos EUA que aprofundaram as divisões conceituais e ideológicas entre os dois principais partidos do país. Para completar, Hillary foi secretária de Estado do atual governo e enfrenta investigação sobre sua conduta no cargo – nada que aos padrões brasileiros seria considerado escandaloso, mas não há dúvidas de que a colocará em posição defensiva nos debates (nas primárias democratas e também após possível escolha partidária e diante do adversário republicano).
Hillary também articulou o caminho que acabou concretizando – até o momento – o pré-acordo com o Irã. Mas, ao contrário de Obama, mostra muito mais desconfiança em relação aos iranianos. Ao comentar o frenesi causado pelo pré-acordo, foi cautelosa (“o ‘inferno’ são os detalhes” e “a diplomacia merece uma chance de sucesso”). Não soa exatamente como entusiasmo, o que é muito coerente com suas posições políticas no Oriente Médio.
Por ser conhecida nacionalmente, Clinton está bem nos números. Pesquisa do RealClearPolitics deste mês de abril mostra que, entre os eleitores democratas, sua candidatura tem apoio de 60% do entrevistados. Obama declarou oficialmente que irá apoiar qualquer candidato escolhido pelo partido, mostrando neutralidade. Hillary tem tudo para ser a próxima democrata a concorrer à presidência americana.
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