O prazo final foi ampliado e, finalmente, as potências ocidentais e o Irã atingiram um acordo histórico sobre o programa nuclear iraniano. Lembrando que se trata de um acordo sobre parâmetros-chave a serem implementados e que levarão ao estabelecimento de um entendimento mais detalhado e complexo a ser negociado até o próximo dia 30 de junho. Seja como for, já se trata de um dia importante e que movimenta ainda mais o cenário efervescente em torno da atuação regional da República Islâmica e de seus opositores sunitas. Para além disso, representa uma conquista importante da administração Obama por meio de seu secretário de Estado, John Kerry. É também uma vitória de Obama e Kerry sobre a aliança entre o presidente da Câmara John Boehner e o primeiro-ministro israelense reeleito, Benjamin Netanyahu.
O primeiro recado de Obama a seu desafeto em Jerusalém já foi dado logo após o anúncio do acordo: “se estes parâmetros (nos) levarem a um acordo final, eles tornarão o nosso país, os aliados e o mundo mais seguros”.
Sobre as questões práticas envolvendo este acordo geral: segundo a ministra das Relações Exteriores da União Europeia, Federica Mogherini, o Irã não poderá produzir combustível para armamento, e os inspetores internacionais terão acesso garantido às instalações nucleares. Tampouco haverá instalações para enriquecimento de urânio fora da já existente em Natanz. A usina construída sob uma montanha em Fordow será convertida em centro técnico e de treinamento para pesquisa e desenvolvimento nuclear. O Irã não poderá reprocessar plutônio.
Como escrevi no texto desta terça-feira, fica claro, portanto, que o caminho não aponta para o encerramento do projeto nuclear do país, mas para o estabelecimento de regras e restrições. Esta é também uma conquista de Teerã e dos sucessivos regimes que venderam caro o comprometimento do país. No final das contas, ao público doméstico e regional, os iranianos apresentarão o resultado das negociações como uma vitória sobre os interesses ocidentais, não tenham dúvidas. Como os europeus e americanos também apresentarão o acordo como uma vitória diplomática, parece que o resultado vai ser bem recebido em todos os lados diretamente envolvidos nas conversações realizadas na Suíça. Por enquanto, os derrotados são o próprio partido Republicano, o primeiro-ministro israelense e a coalizão sunita que opera neste momento no Iêmen.
As sanções econômicas serão suspensas se, após verificações no Irã, a Agência Internacional de Energia Atômica (da ONU) considerar que não há violações ao estipulado pelas partes. De acordo com relatório oficial do Departamento de Estado americano, os fundos congelados entre janeiro de 2013 e janeiro de 2014 ultrapassam os 100 bilhões de dólares. Os valores atuais certamente são bem maiores, podendo tornar o governo do presidente Hassan Rouhani o mais rico da história do Irã.
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