Quero me prolongar um pouco mais sobre as eleições europeias. Dessa vez, o texto é curto. A crise que se abateu sobre a UE não é direcionada apenas ao bloco em si. Está longe de ser simplória desta maneira. É uma ameaça real a longo prazo.
Os partidos que se aproveitaram da crise são os que têm as propostas mais rasteiras. São radicais em parte por isso. Porque não querem resolver os problemas da crise econômica em sua complexidade. Não sabem e não têm capacidade para isso. Respondem com ódio, respondem com o que há de mais venal. Em boa parte, esses partidos unem seus militantes pelo o que têm de pior. A política é uma máscara que serve para travestir o rancor ao estrangeiro, ao diferente, como numa lavagem de dinheiro. No lugar das finanças, eles pretendem lavar e tentar imprimir uma espécie de legitimidade político-ideológica aos preconceituosos. É um esconderijo dos grupos dedicados a propagar o que há de pior nas sociedades.
Não sem razão, o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, definiu a ascensão de Marine Le Pen como um “terremoto político”. É isso mesmo. Para esses grupos travestidos de partidos, a política é um meio para se chegar ao mesmo fim de suas origens. Na Idade Média, hordas enfurecidas se voltavam contra os judeus, na Europa, acusando e matando sem punição. Hoje, felizmente, isso não é possível ou aceitável. Por isso, foi preciso que esses bandos adquirissem outra roupagem. Mas continuam com o mesmo DNA, não se enganem. Seu projeto político atual engloba não apenas os judeus, mas muçulmanos e imigrantes em geral. Se chegarem ao poder em sua plenitude, não irão poupar esforços para colocar em prática seu projeto original.
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