Os referendos realizados em Donetsk e Luhansk nasceram contestados. Seus resultados seguem a própria origem, uma vez que o processo é questionável.
Enquanto os eleitores foram perguntados se queriam independência da Ucrânia (com “sim” ou “não” como respostas possíveis), os autoproclamados líderes desses movimentos já repassaram ao resto do mundo a versão alternativa do pleito: assim como na Crimeia, o povo quer os territórios anexados à Rússia (ou, como gostam de dizer em Moscou, “federalizados”). Entenderam a diferença no texto?
A Rússia agora deu um passo atrás. Quer um debate maior, argumenta não ter a intenção de acabar com a Ucrânia. Mas não foi o próprio Kremlin que fez tudo o que pôde para questionar a origem da demanda ucraniana por mudança e os protestos na praça Maidan e transformar tudo isso num questionamento das fidelidades e nacionalismos adormecidos no país vizinho? Retroceder agora não passa de estratégia para parecer algo que não é. A Rússia de Putin não é pacifista, não entende seu lugar no mundo e não aceita que seu papel geopolítico hoje é diferente dos saudosos tempos da Guerra Fria. Ah, a Guerra Fria...
Por falar em Guerra Fria, o jornalista britânico Edward Lucas, autor do livro “A Nova Guerra Fria”, tem visão pessimista sobre o destino da Rússia e culpa a inércia entre o fim da URSS e os tempos atuais.
“A verdade é que o fracasso russo em dissolver a KGB e a recusa do Kremlin de encarar os crimes soviéticos do passado contaminaram a Rússia de maneira fatal”, diz.
Faz sentido sim. A frase resume a incapacidade do governo russo de se reinventar após o fim do comunismo. No próximo texto, uma opinião um pouco mais subjetiva sobre o assunto.
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