A presidente Dilma Rousseff abriu a 69ª Assembleia Geral da ONU criticando as intervenções militares. Entendo o que Dilma tentou fazer: a presidente buscou a manutenção do histórico discurso pacifista brasileiro. Este é o posicionamento do Brasil em sua diplomacia, então ela foi, em certa medida, coerente. O problema é ter colocado intervenção militar num único saco, sem fazer distinção dos diferentes conflitos internacionais.
Não se pode simplesmente reduzir a política internacional a um rótulo, fazendo análise única sobre situações tão diferentes quanto a guerra entre Hamas e Israel, Ucrânia e Rússia e IS e coalizão internacional. Quando o Brasil não diferencia as diferenças acaba soando por demais inocente. Ou desconhecedor da geopolítica. Entendo que a ideia seja reforçar pacifismo e apelo ao diálogo. Isso está correto e coerente com o histórico brasileiro. Mas criticar a ofensiva contra o IS, por exemplo, é simplório. Países árabes e EUA estão empenhados em derrotar por meio da força o grupo terrorista cujo propósito é acabar com os Estados nacionais no Oriente Médio que estão em seu caminho para a reconstrução do Califado até a Península Ibérica.
Até que se prove o contrário, o IS não está disposto a abrir mão de seu objetivo em nome do diálogo ou negociação. Neste momento, sua ambição ameaça diretamente a existência de Iraque, Síria, Jordânia e Líbano. Neste momento também, uma coalizão internacional liderada pelos EUA e formada por Jordânia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos – além de apoio logístico e certamente político de todos os países do Oriente Médio – busca combater a organização.
No final das contas, o Brasil foi inocente e certamente perdeu uma excelente oportunidade de mostrar que sua estratégia internacional é capaz de distinguir os diferente cenários geopolíticos.
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