Terminou por ora a batalha pela independência do Partido Nacional Escocês (SNP). Isso não significa, no entanto, que suas aspirações tenham sido derrotadas. Na verdade, emergem deste processo mais vencedores que vencidos. O primeiro aspecto é bastante óbvio: a eleição onde o “Não” derrotou o “Sim” por uma margem de somente dez pontos percentuais deixa claro que a sociedade escocesa está dividida. E aí o líder do SNP conta com um poder de barganha tremendo para negociar diante de Londres.
Na prática, Alex Salmond, o principal artífice do movimento pela independência da Escócia, sai deste processo fortalecido. Isso porque a tendência é que obtenha da Grã-Bretanha a renegociação dos direitos financeiros que tanto queria desde o começo. Este reequilíbrio tem sido chamado de “devo max” (máxima devolução de poderes). O parlamento escocês deve conseguir dos britânicos controle sobre impostos, receitas de petróleo, seguro nacional e aposentadorias.
Em Londres, a partir deste novo cenário político, é melhor ceder do que perder. Vale lembrar também que os escoceses contam com um argumento a mais para colocar sobre a mesa: em 2017, a Grã-Bretanha realizará um referendo para decidir sobre a permanência na União Europeia. No espectro político deste momento, trabalhistas e conservadores pretendem manter o país no bloco. E justamente os escoceses são os grandes entusiastas britânicos da UE. Mais até do que os ingleses. Isso significa que manter a população da Escócia apta a votar no plebiscito britânico torna a permanência na UE mais tranquila (não garantida, mas menos complicada).
Diante disso tudo, é até natural que o primeiro-ministro David Cameron acene com a possibilidade de dar ainda mais autonomia aos demais membros do Reino Unido. A federalização da Grã-Bretanha é uma possibilidade complexa, mas que agora já se apresenta no horizonte. É resultado direto do movimento de Alex Salmond. Se esta transformação de fato vier a acontecer, o líder do SNP já terá realizado um feito grandioso.
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