Minha querida avó, a leitora mais importante deste blog (com todo o respeito aos demais leitores, claro), me telefonou pela manhã com uma pergunta: esta situação do IS pode dar início à Terceira Guerra Mundial? Para acalmá-la, disse que acho muito pouco provável que isso aconteça. Até porque há uma questão maior envolvendo esta situação sobre a qual tratei em outros textos por aqui; a luta do IS representa uma ameaça direta a todos os Estados nacionais que estiverem em seu caminho entre o Oriente Médio e a Espanha – por mais absurdo que pareça.
Quando este tipo de temor real une países que normalmente têm pouco em comum (Rússia e EUA, por exemplo), a chance de o IS conseguir causar o estrago que gostaria é pequena. É claro que seria irresponsável de minha parte afirmar que a vitória é certa. Mas é bastante contrastante o potencial militar de europeus, americanos, russos e países do Golfo em relação aos terroristas do IS. A diferença entre eles é a motivação. Por mais que os ocidentais tenham receio quanto aos avanços do grupo, não dá para imaginar que seus militares estejam tão motivados quanto os extremistas.
No entanto, este é um mundo onde imaginar vitória por motivação é piada. O ocidente tem o poder de acabar com o IS, mas, como bem lembrou o presidente Obama, não tem poder para acabar com seus ideais. E aí retorno ao texto anterior, em que contestei os argumentos de que o IS existe pela ausência de democracia, justiça social e direitos humanos. Esta visão romântica não explica, por exemplo, o que fundamentalistas nascidos e criados no Reino Unido, por exemplo, buscam ao deixar Londres dispostos a matar e morrer na região do Levante.
Na próspera Grã-Bretanha certamente há desigualdade como em qualquer parte, mas ninguém defende a inexistência de democracia, direitos humanos e justiça social. Os britânicos que aderiram ao IS não precisaram de razões, apenas de oportunidade para transformar “sonhos radicais” em algo tão concreto quanto cortar cabeças de jornalistas.
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