Ao anunciar a retomada de relações formais com Cuba, Obama reviveu seus dias mais gloriosos – aqueles esquecidos no passado recente de 2008 quando se tornou um fenômeno popolítico (ele merece o neologismo).
Este é Barack Obama que lotou as ruas de Berlim, na Alemanha, no histórico discurso de julho de 2008. O presidente americano era a esperança de mudança, principalmente na política externa americana. Mas, desde que assumiu o cargo em janeiro de 2009, não conseguiu imprimir sua marca pessoal. Gosto sempre de fazer a ressalva da gravidade dos problemas que encarou. Como esta semana trágica mostrou, é muito mais complicado encontrar saídas quando existe um abismo profundo na maneira de interpretar o mundo. Como deixar o Iraque e o Afeganistão? Como combater os talibãs? Como encerrar de maneira lógica a Guerra ao Terror?
Ainda não foi possível encontrar essas respostas. E mesmo as tentativas de Obama de ser pragmático não foram eficientes. No Oriente Médio, ainda não foi capaz de articular a retomada de negociações entre israelenses e palestinos. Pode parecer que já faz tempo, mas Washington (e, para ser justo, ninguém no Ocidente) não conseguiu ser parte do processo de transformação prometida pela Primavera Árabe que de fato não aconteceu. Muito pelo contrário. Se em 2011 o mundo foi surpreendido com a possibilidade de queda de ditaduras históricas e mudança de paradigmas, agora a realidade local é completamente diferente daqueles dias que se pretendiam transformadores. O Oriente Médio enfrenta os dilemas impostos pelo Estado Islâmico. A Primavera Árabe soa agora como um sonho do passado distante.
Diante de tudo isso, Obama fez o óbvio. E fez certo, claro. Sua possibilidade de conseguir um feito que será lembrado para sempre estava logo ali ao lado. É muito mais fácil negociar com a racionalidade de Cuba do que continuar a tentar encontrar um caminho no Oriente Médio. Demorou quase seis anos, mas este dia chegou. O dia em que Barack Obama deixou sua marca na política externa americana e na História mundial.
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