Ainda sobre o cessar-fogo, o aspecto econômico pode ser um fator de suavização das posições. Isso porque Rússia e Ucrânia atravessam momento delicado também no controle de suas finanças. Se por um lado guerras tendem a impulsionar economias e a produção interna, elas também causam grandes prejuízos.
A situação da Rússia é ruim, mas não se compara ao cenário desolador da Ucrânia. A hryvnia, a moeda do país, sofreu desvalorização de 67% frente ao dólar em 2014; as estimativas mostram redução de 6,7% da economia. O ponto mais terrível desta realidade apresenta a redução de suas reservas para 6,4 bilhões de dólares, suficientes para arcar com apenas cinco meses de importações. A ironia disso tudo é que o principal parceiro comercial ucraniano é justamente a Rússia. Ou seja, persistir numa guerra de longo prazo não é uma boa possibilidade.
Por outro lado, a única solução para este dilema da Ucrânia é trocar a Rússia por um parceiro econômico com a mesma complexidade. E este é o problema principal. A única alternativa seria abandonar a parceria com Moscou pela União Europeia. Mas este é o foco do conflito; por mais que se argumente bastante, o centro desta guerra é o rearranjo geopolítico do leste da Europa. E não há nova organização possível que desconsidere os interesses russos. Esta não é uma questão de opinião, mas de entender historicamente como a região funciona. A União Europeia sabe disso. A situação é até relativamente simples de se compreender: a Rússia não admite este novo concerto de forças regionais. Qualquer ordem alternativa que desconsidere seus interesses prioritários mexe com as estruturas do continente, como se placas tectônicas se movessem sob solo europeu.
Seja qual for a solução imaginada para o encerramento do conflito, é bom sempre deixar claro que a Rússia jamais irá aceitar que a Ucrânia seja absorvida pela União Europeia.
Aviso aos leitores: o blog retorna após a quarta-feira de cinzas
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