A grave situação que se desenrola no leste da Ucrânia apresenta alguns elementos específicos que tornam difícil a resolução do conflito. Esses elementos têm sido ignorados pela imprensa. Para completar, a Rússia continua numa situação confortável e não vê razões para ser flexível em suas posições.
O primeiro ponto é simples; a Ucrânia não tem condições militares de enfrentar a Rússia. Ao mesmo tempo, é impossível que o país seja equipado e treinado a ponto de ser ameaça aos russos – que, inclusive, detém armamento nuclear. Mesmo que EUA e União Europeia decidam neste exato instante armar a Ucrânia, ainda seria necessário muito tempo para que as forças ucranianas pudessem enfrentar as russas de igual para igual. Por isso, a possibilidade de transferência de armamento ocidental aos ucranianos soa apenas como falácia neste momento. Ao mesmo tempo, a solução diplomática também é complicada, uma vez que Moscou tem pouco a ganhar com a posição ocidental, considerando que Putin sequer assume qualquer participação no conflito.
A Ucrânia quer, naturalmente, recuperar a integralidade de seu território. Moscou não irá permitir, na medida em que considera vital a existência de “zonas de proteção” que separem a Rússia de eventuais ameaças do ocidente. Esta é uma característica permanente da política externa russa. Putin não tem razões práticas para flexibilizar diante dos apelos de ucranianos, europeus e americanos. Ou todas as partes concordam em estabelecer a chamada “zona tampão” no leste da Ucrânia ou o conflito irá se arrastar por mais tempo. O Kremlin irá aceitar discutir as características desta “zona tampão” (tamanho, desenho etc), mas nada que exclua este modelo de um eventual acordo permanente.
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