O caso envolvendo a grande fraude da filial suíça do banco HSBC é fundamental para que todos possam compreender o processo de financiamento da criminalidade internacional. Afinal, mesmo os grupos terroristas mais avessos ao ocidente precisam de dinheiro para comprar armas e realizar suas operações. Se as potências ocidentais não impedirem este tipo de transação financeira, atacar grupos como o Estado Islâmico é como combater o sintoma sem tentar erradicar a doença.
Desde setembro de 2014, o chamado Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, em inglês) analisou a informação vazada sete anos antes por Hervé Falciani, ex-funcionário da área de Tecnologia da Informação do HSBC. O grupo, formado por 140 jornalistas de 40 meios de comunicação de todo o mundo, checou dados de 30 mil contas bancárias cujos ativos somavam cerca de 120 bilhões de dólares. O caso é considerado o maior vazamento do setor bancário mundial e aponta toda a sorte de fraudes. Falciani se define como alguém que tenta ajudar os governos a encontrar sonegadores.
A situação do banco ficou muito ruim, uma vez que a filial suíça teria inclusive ensinado a seus clientes formas de não declarar informações às autoridades de modo a burlar o pagamento de impostos, principalmente entre 2005 e 2007. Além da fraude ao sistema tributário, há também questões de segurança, na medida em que o banco abriu contas a todo tipo de cliente, fechando os olhos voluntariamente ao terrorismo, tráfico de drogas e ditadores. Até 2006, o HSBC suíço gerenciou milhões de dólares de um empresário saudita suspeito de ser um dos principais doadores de dinheiro a Osama Bin Laden. E este é apenas um dos casos apurados.
Resta saber se, a partir desta grande investigação, os países finalmente irão conseguir interromper as grandes manobras financeiras internacionais que alimentam terrorismo e as mais variadas formas de criminalidade. Todo mundo sabe que esta é a forma mais eficaz de inviabilizar suas operações. Mas há pouca gente disposta a comprar esta briga.
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