Com o Oriente Médio em alerta, novos personagens tendem a surgir e ganhar importância. O novo Egito pós-primavera árabe tenta se colocar à frente da aliança ocidental para combater a presença do Estado Islâmico no Norte da África. O mais recente episódio de barbárie promovida pelo grupo – quando cortou as cabeças de 21 egípcios cristãos coptas, na Líbia – lançou luz sobre o presidente Abdel Fattah al-Sissi, o general que derrubou o ex-presidente Mohamed Mursi (da Irmandade Muçulmana). Al-Sissi não perdeu tempo e determinou ataques aéreos à Líbia, chamando a atenção para a presença do EI no norte da África.
O fracasso do Estado líbio desde a queda de Kadafi em 2011 transformou o país num grande retalho de facções e alianças ideológicas das mais diversas; a al-Qaeda participou do processo que culminou com a queda do ex-ditador, uma vez que a falência dos Estados sempre representa oportunidade valiosa de estabelecimento de bases e pilhagem de bens militares e econômicos. O problema (para a al-Qaeda) é que o Estado Islâmico cada vez mais tem o protagonismo do terrorismo internacional. Para os Estados Nacionais, o EI é hoje o inimigo a ser derrotado. No caso específico da Líbia, é possível que o Ocidente de fato se mobilize para fazer algo mais concreto, talvez até mesmo envolvendo a Otan, a aliança militar ocidental. Lembrando que uma das diretrizes fundamentais da Otan é exigir de seus membros resposta militar quando um deles é ameaçado. Nunca esta prerrogativa foi tão verdadeira no que diz respeito ao EI, considerando, principalmente, que Líbia e Itália estão separadas por apenas 800km das águas do Mediterrâneo.
Diante disso, em entrevista ao jornal italiano Il Messagero, a ministra da Defesa da Itália, Roberta Pinotti, já começou a preparar o terreno ao afirmar que, por razões “geográficas, econômicas e históricas”, seu país está pronto para liderar uma coalizão de países europeus e do norte da África que impeça o avanço dos terroristas. Esta é a mesma posição do presidente egípcio al-Sissi. Itália e Egito têm razões de sobra para temer a proximidade do EI. Mas al-Sissi, além dos motivos óbvios, ainda teme pelo seu governo. Não apenas porque o EI se opõe a qualquer governo, mas também porque al-Sissi derrubou a Irmandade Muçulmana num golpe de Estado. Além disso, parte do território egípcio já está tomado pelos terroristas do grupo; na Península do Sinai, o grupo terrorista Ansar Beit al-Maqdis, ex-aliado da al-Qaeda, declarou a região como província do Estado Islâmico.
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