Com Obama premiado com o Nobel da Paz, o Comitê responsável pela escolha mostra algumas grandes tendências políticas. Ou melhor, como qualquer escolha é necessariamente política, fica ainda mais claro que a opção pelo presidente americano é uma aposta num futuro onde as promessas de campanha do atual ocupante da Casa Branca serão concretizadas.
E isso fica óbvio na medida em que, somente nove meses após tomar posse, é simplesmente impossível que Obama tenha conseguido mudar os Estados Unidos ou, como líder da única superpotência global, o mundo. Hoje, Obama recebeu um cheque em branco. É isso o que representa o prêmio; um voto de confiança em tudo o que ele prometeu em sua campanha.
Após o surpreendente anúncio da manhã desta sexta-feira, uma série de especulações sobre o real motivo da vitória do presidente americano começou a pipocar pela imprensa. É verdade também que os jornalistas americanos reagiram mais com ceticismo e má-vontade. Talvez pelo grande embate interno nos EUA sobre o plano de Obama para a saúde; ou por sua baixa de popularidade momentânea.
O Comitê do Nobel elegeu Obama numa resposta a Bush. Em oito anos de governo, o ex-presidente jamais foi cogitado para qualquer premiação internacional. E menos ainda para o Nobel da Paz – aliás, nem é preciso justificar, não é? Quando em menos de um ano de mandato opta por Obama, na prática simplesmente ratifica e corrobora os ideais pelos quais ele foi eleito no ano passado.
Vale lembrar alguns movimentos estratégicos de Obama que agradaram ao Comitê: a insistência num mundo com menos armamento nuclear – aliás, como descrito na carta em que se anunciava o vencedor do Nobel –; a aproximação com os muçulmanos exposta nos discursos realizados no Cairo e em Ancara; é claro, a frustrada, mas sempre válida tentativa de restabelecimento dos diálogos entre israelenses e palestinos; e sua promessa de campanha de fechar a prisão americana em Guantánamo.
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