Esta quinta-feira foi marcada pela violência no sudeste asiático. Mais uma vez, um novo atentado talibã no Paquistão busca nada além da desestabilização do país. Se puder contar com o armamento nuclear, melhor ainda. Quanto pior, melhor. Este é o raciocínio do grupo.
Como já enumerei tantas vezes neste espaço, o terrorismo não arquiteta planos para o futuro, mudanças ou mesmo objetiva moldar uma nova sociedade baseada em valores minimamente lícitos. A meta é simplesmente a destruição, o banho de sangue, o terror, finalmente.
E o que os líderes racionais, eleitos e legítimos deveriam fazer diante de tal ameaça? Há algumas opções disponíveis e que não necessariamente se excluem: a luta armada contra os talibãs, a tentativa de convencer seus membros a mudar de lado ou o fortalecimento das instituições nacionais de modo a vencer o terrorismo em longo prazo.
Considerando-se que tentar dialogar com membros do Talibã é uma tarefa quase impossível, creio que ela está automaticamente excluída – há nos Estados Unidos teóricos do governo Obama que defendem a possibilidade de diálogos com os menos radicais. Mas, por convenção e por falta de espaço para isso, acho que, infelizmente, devemos neste momento olhar para o todo cuja ideologia fundamentalista não permite tal aproximação.
A luta armada mencionada já está em curso, como se sabe, e EUA e OTAN – o primeiro lançando mão de enormes somas de recursos financeiros e humanos mais que o segundo, é bem verdade – parecem não conseguir dobrar a resistência por ora.
A terceira possibilidade também é empregada. No último mês, o Congresso americano aprovou a triplicação da ajuda financeira ao governo estabelecido paquistanês, de modo que a quantia destinada vai ultrapassar os 7,5 bilhões de dólares nos próximos cinco anos.
Neste momento de grande esforço internacional para conter o avanço Talibã, vale ampliar o foco e tentar enxergar o que os países vizinhos têm feito para se engajar nesta luta. A resposta é simples: muito pouco.
Enquanto o ocidente teme que o armamento nuclear caia no colo dos radicais talibãs, Índia, China e o próprio Paquistão estão preocupados em se provocar mutuamente. Nesta semana, o tom de ameaças subiu, gerando grande mal-estar. Tudo porque os chineses decidiram se envolver na construção de projetos na porção paquistanesa da Caxemira, provocando protestos formais do governo indiano.
Por sua vez, a administração de Beijing argumenta estar “profundamente insatisfeita” devido a uma visita do primeiro-ministro indiano a Arunachal Pradesh, região Himalaia sob controle da Índia, mas reivindicada pela China.
Parece que os três países fazem questão de esquecer que, a qualquer momento, existe a possibilidade real de serem os alvos preferenciais de um arsenal nuclear sob controle Talibã. Eu tenho certeza de que este mecanismo psicológico de negar a existência do problema não serve aos propósitos de ninguém. Talvez fosse o momento de convocar uma reunião de emergência para forçar esses grandes países a focarem suas atenções e esforços ao que é verdadeiramente importante.
PS: este texto é uma pequena homenagem a um amigo, que, em breve e anonimamente por questões de segurança, será o correspondente do blog no Extremo Oriente.
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