Se uma manchete tivesse de descrever o atual momento das potências, optaria pelo título que nomeia este texto. Em outros tempos, ficava claro que havia substituições na posição de liderança mundial. Mas este é o reflexo de um mundo ultrapassado e de uma época que não volta mais. Hoje, com política e economia globais, a crise não é apenas americana, mas de uma forma de qualificar e fazer articulações. Os posts desta semana têm buscado mostrar isso.
Quando a guerra do Afeganistão completa oito anos ainda sem qualquer perspectiva de sucesso, os Estados Unidos – única potência planetária quando se analisam as relações internacionais com os indicadores de sempre – começam a mostrar fragilidade. Não por terem se arrependido da invasão, mas porque os custos estão cada vez mais altos.
O desgaste americano da semana fica por conta de uma cobrança justa aos parceiros da OTAN, que, igualmente imersos numa crise que pegou muito por lá e menos por aqui, tentam pular fora deste barco furado. E olha a solução apresentada pelo presidente da organização, o dinamarquês Anders Fogh Rasmussen: treinar o pessoal local para combater o Talibã.
“Vamos transferir a responsabilidade de segurança para os próprios afegãos”, disse. Tudo isso parece até muito bonito e altruísta. Mas a verdade é que a guerra está cada vez mais cara e os europeus estão cada vez menos dispostos a pagar a conta. Pra completar, é difícil convencer a opinião pública dos países sobre a necessidade de se gastar muito para combater o Talibã. Afinal, bem ou mal a Europa não atravessa um período de aparente ameaça terrorista.
Os números ilustram muito bem o tamanho do desafio. Os gastos no Afeganistão até o final de 2009 devem chegar a 7 bilhões de dólares. Para o ano que vem, possivelmente estarão na casa dos 17 bilhões.
E esta bomba-relógio financeira está nas mãos de Obama. O mesmo presidente que deixou claro que derrotar os talibãs no Afeganistão era fundamental; uma “guerra de necessidade”, como chamou. Mas o que fazer agora, com o dinheiro saindo aos borbotões num momento de grave crise?
Segundo o Escritório de Orçamento do Congresso Americano, com a possível extinção da lei de estímulo fiscal – parte daquele milionário pacote de 787 bilhões de dólares aprovado em fevereiro para aquecer a economia dos EUA, lembram? –, graças à recuperação natural do país (isso é que é contradição), existe a real possibilidade Washington se deparar com o maior débito e queda no PIB em 50 anos.
E agora, com uma situação tão grave quanto os números apresentam, qual será a decisão de Obama? Diminuir a presença militar americana no exterior, mesmo diante de ameaças que provocam arrepios, como perder Afeganistão e o Paquistão nuclear para os talibãs? Ou manter as tropas no exterior e dividir a conta com os cidadãos que o elegeram?
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