A tentativa de empenhar forças globais no combate à ISIS é o tipo de ação demorada e controversa. Naturalmente, o assunto é complicado porque americanos e europeus não têm o menor interesse de se envolver numa nova guerra assimétrica no Oriente Médio. Durante os últimos 13 anos, os principais países do mundo entenderam que derrotar grupos fundamentalistas islâmicos não é das tarefas mais fáceis. Em Iraque e Afeganistão, a missão, definitivamente, não foi cumprida da maneira como se esperava.
A meta de refazer países e inventar democracia onde não existe ao mesmo tempo em que se luta em campo de batalha contra organizações terroristas muito motivadas é muito complicada. E todo este temor, o temor real de 13 anos de infortúnios e fracassos, está sendo revivido agora, mas de maneira muito mais aguda. A ISIS deixou de ser um assunto interno de gabinetes governamentais do Ocidente e se popularizou. Em relação a isso seus membros já podem se considerar bem sucedidos. O medo causado pelos bárbaros pós-modernos ganhou as ruas do planeta. De acordo com pesquisa do Pew Research Center em conjunto com o jornal USA Today, 67% dos americanos já consideram o grupo uma ameaça concreta aos EUA, ficando atrás somente da al-Qaeda.
E quando este tipo de dado é tornado público os governos precisam agir. É uma pressão interna que necessita de resposta. Ninguém pode garantir que a ISIS será bem sucedida na tarefa de ampliar seu raio de ação para além do Oriente Médio. Mas os governos ocidentais não podem simplesmente não responder às demandas de seus cidadãos – mesmo que sua origem seja, por ora, somente a extensa cobertura da imprensa.
Sobre as opiniões na imprensa americana, inclusive, o colunista do New York Times Thomas Friedman considera que o território americano não está em perigo. E, por isso, defende que os esforços americanos para derrotar o grupo terrorista devem ser compartilhados com os demais atores regionais. Entendo o que ele quer dizer; sua posição está diretamente relacionada ao que escrevi no primeiro parágrafo. No entanto, Estados nacionais não respondem como pessoas, mas como entidades políticas que, portanto, têm alianças e interesses. No caso dos EUA, especificamente, o Oriente Médio é uma área de atuação fundamental em sua política externa. Não ser protagonista da resposta regional à ISIS não é uma opção.
Países tomam decisões e encaram grandes desafios internacionais não apenas quando seu território nacional está sob ameaça direta. Países são entidades com interesses pragmáticos e presença global. Ainda mais quando estamos falando dos EUA e de sua vasta rede de alianças e desafios. A ISIS é uma ameaça ao Oriente Médio e, portanto, a muitos dos interesses norte-americanos na região – seja por temor a ataques a aliados ou por alianças com inimigos. Como já se viu nesta sexta-feira no País de Gales, Washington não deixará de liderar qualquer esforço internacional para derrotar o grupo.
2 comentários:
Oi Henry, legal o post gostei.
Cara, eu estava pensando ... talvez nao tenha nada a ver, mas voce reparou que desde o inicio de 2011 o petroleo brent esta estavel entre 100 e 120 dolares? Parou para pensar que estas sao as cotsações a partir das quais energia alternativa se torna viavel? Esta nao e uma prioridade do governo Obama? Sera que o barril ter caido abaixo dos 100 dolares tem alguma coisa a ver com a deflagração desta crise? Qual a sua opiniao?
Grande Edu,
tudo bem?
Muito boa a sua conexão, mas confesso que eu realmente não havia pensado nisso. Só posso lhe parabenizar por este paralelo.
Grande abraço.
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