Com a cidade de Kobane no centro dos combates entre IS e coalizão, a posição turca se agrava ainda mais. Para o presidente Recep Tayyip Erdogan, a opção é ganhar tempo porque sua situação é bastante complicada. A cidade na fronteira entre Síria e Turquia se transformou numa espécie de símbolo da divisão interna da Turquia e da vulnerabilidade momentânea de seu presidente e homem forte.
Controlada pela filial do PKK na Síria (Partido dos Trabalhadores Curdos), Kobane agora é uma dor de cabeça. O líder turco se questiona sobre o impasse diante dos caminhos a seguir: lutar contra o IS, se contrapondo a setores radicais do próprio partido AKP (Justiça e Liberdade) que se reconhecem nas reivindicações terroristas do Estado Islâmico; abandonar Kobane à própria sorte, causando um problema de proporções incalculáveis com os 14 milhões de curdos da Turquia; aderir à coalizão internacional, virando as costas ao próprio discurso independente construído ao longo dos anos 2000.
Para piorar a situação de Erdogan, a popularidade do PKK está em ascensão. Como conseguiu acalmar os curdos da Turquia por meio de conversações de paz após 30 anos de combate, mexer neste vespeiro pode pôr tudo a perder. Mas não fazer nada também põe em risco sua opção. Por ora, em função do tamanho da complexidade, Erdogan prefere ganhar tempo. Mas esta decisão já reflete uma tomada de posição. Neste momento, enquanto não toma partido, ele vira as costas à Otan, aliança militar ocidental da qual a Turquia faz parte. Erdogan segue este caminho por saber que é possível retomar o diálogo com os ocidentais quando quiser. Enquanto isso, Kobane é o novo teatro de operações do Oriente Médio.
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