No texto de sexta-feira, comentei sobre o problema envolvendo o atual estado de reação dos EUA aos eventos no Oriente Médio. Assim como o surto do vírus ebola na África ressalta o abandono e pobreza do continente, a ascensão do Estado Islâmico (IS) expôs o desgaste do governo americano com a região, especialmente no Iraque.
A retirada das tropas americanas do país no final de 2011 não foi unanimidade em Washington. Mas o presidente Obama considerava necessário deixar o país pela falta de garantias legais às tropas. John Nagl, ex-militar dos EUA que serviu nas duas guerras do Iraque, lembra o episódio no site Politico:
“O Secretário de Defesa, Leon Panetta, a secretária de Estado, Hillary Clinton, o diretor da CIA, David Petraeus, e os chefes do Estado Maior recomendaram a manutenção de uma presença consultiva (de militares) no Iraque. A Casa Branca decidiu o contrário, argumentando que o governo iraquiano não daria a imunidade legal necessária (aos soldados)”.
A tendência agora é que Obama sinta de novo a pressão, principalmente após a entrevista de Martin Dempsey (foto), chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. O principal assessor militar da presidência americana disse que foi preciso enviar helicópteros Apache para resgatar militares iraquianos em combate com terroristas do IS que estavam há cerca de 25 quilômetros de distância do aeroporto de Bagdá. A declaração, claro, causou alarde, na medida em que a possibilidade de tomar o aeroporto da capital iraquiana evidencia ainda mais a fragilidade da situação real. O IS deixou de ser uma ameaça distante no meio do deserto para se tornar um inimigo capaz de pôr tudo a perder no território onde os EUA mais lutaram para reconstruir o cenário político local.
Obama já está no foco. Se Bagdá cair, receberá muito mais críticas. E, lembrando, em 4 de novembro haverá eleições legislativas nos EUA para definir o Congresso americano nos próximos dois anos.
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