Para ilustrar o texto da última sexta-feira, vale mostrar a divisão interna na Líbia que, pelo menos por ora, acabou com o país.
Do ponto de vista prático, o parlamento não existe. Os parlamentares líbios eleitos em junho tentam trabalhar baseados num hotel a mil quilômetros de distância da capital, Trípoli. Já em Trípoli, esses parlamentares não são reconhecidos. Por lá, os parlamentares anteriores se recusam a deixar seus cargos e continuam a trabalhar. Em Benghazi, cidade onde o embaixador americano foi morto, mas também epicentro do movimento que derrubou Kadafi, em 2011, o fundamentalismo islâmico do grupo terrorista Ansar al-Sharia é a autoridade local – e, claro, a al-Qaeda e sua rede de conexões participam da “gestão”.
Este é o cenário na Líbia, um ex-Estado nacional tradicional. Acrescentado ainda mais elementos, o Egito lidera uma ofensiva para retomar Benghazi do controle terrorista. A ideia é conseguir o que a ofensiva ocidental não teve tempo e interesse para concretizar em 2011. Após a derrubada de Kadafi, o Ocidente se dispersou, ainda na tentativa de entender os acontecimentos da Primavera Árabe. Agora, curiosamente, os egípcios decidiram ao menos tentar retomar o controle de parte da Líbia. É curioso na medida em que o atual regime no Cairo está longe de qualquer traço democrático e certamente não representa a ideia inicial da Primavera Árabe. Desenvolvo este assunto num texto mais adiante.
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