Na semana passada escrevi sobre o cansaço do governo norte-americano em relação ao Oriente Médio. Enquanto as atenções estão voltadas para o bem sucedido avanço do Estado Islâmico (IS), acho importante lançar luz sobre a Líbia, o grande exemplo recente do fracasso da intervenção ocidental na região.
Desde a morte de Kadafi, em outubro de 2011, a ideia da reconstrução líbia como um Estado democrático – e modelo para os demais países que viveram os movimentos conhecidos como “Primavera Árabe” – se mostrou, no mínimo, pouco provável. Especialmente os EUA experimentaram no país uma situação de oposição muito representativa da degradação do cenário de estabilidade local. Em 11 de setembro de 2012, portanto menos de um ano após a queda e morte de Kadafi, o grupo terrorista Ansar al-Sharia invadiu o consulado americano em Benghazi, no nordeste do país, matando o embaixador americano e mais três oficiais.
Na Líbia, ficou evidente um novo modelo de guerra regional, onde grupos terroristas de diversas fidelidades se aliam para derrubar o ditador local transformando, na sequência, o país num território livre. Muitas oportunidades surgem do Estado falido a partir de seus escombros: armamento, dinheiro e negócios (o mercado negro é sempre muito lucrativo e envolve venda ilegal de petróleo e contrabando de obras de arte e descobertas arqueológicas). Tudo isso explica, em boa medida, a indecisão de americanos e europeus para se posicionar em relação à guerra civil síria. Temem, com razão, que o ocorrido na Líbia se repita após a queda de Bashar al-Assad.
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