sexta-feira, 10 de outubro de 2014

EUA e Obama já não aguentam mais o Oriente Médio

O editorial desta sexta-feira do New York Post procura vincular a situação crítica da cidade de Kobane, na fronteira entre Síria e Turquia, a um desastre da estratégia regional americana. Apesar de não concordar com esta premissa, consigo compreendê-la. 

Em primeiro lugar, explico: não acredito que a ideia do fortalecimento do IS seja uma derrota explícita da política externa de Obama. Isso porque esta ideia parte do princípio de que os EUA têm uma estratégia para o Oriente Médio. E aí devo dizer que os americanos já estiveram mais preocupados com as questões da região. Hoje a situação é um pouco diferente; é claro que não se pode imaginar os passos de qualquer governo em Washington traçando os caminhos das relações internacionais do país deixando o Oriente Médio de fora. Mas, 13 anos após 11 de Setembro e duas guerras que parecem não se concluir, os americanos estão cansados do Oriente Médio. E quando me refiro aos americanos me refiro inclusive a seu presidente. 

Barack Obama não teve lá grandes vitórias internacionais. Mesmo tendo recebido o prêmio Nobel da Paz em 2009, o presidente Obama teve muitas dores de cabeça tratando do posicionamento americano no mundo. E isso é muito curioso na medida em que a comunidade global depositou muitas esperanças em Obama desde a sua ascensão meteórica para vencer as eleições presidenciais de 2008. Mas a verdade é que os frutos de suas decisões internacionais não lhe renderam grandes vitórias. Vale lembrar o caso líbio, quando os EUA também coordenaram uma ofensiva de países que acabou resultando na queda e morte de Muammar Kadafi, em 2011. A Líbia acabou falindo como Estado nacional minimamente organizado, causando um fenômeno estranho: a sensação de que vencer foi perder. 

Tudo isso levou os EUA – e o presidente Obama como personificação do cansaço nacional – a reagirem mais do que agir. E por isso Obama admitiu, na última semana de setembro, ter subestimado a capacidade do IS. Porque Washington, os EUA e Obama já sabem que, no Oriente Médio, os esforços são muito grandes e os resultados, mínimos. O IS é hoje a representação deste impasse; é a representação da ideia de que se envolver no Oriente Médio não vale a pena. 

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