quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Obama tem missão duríssima na área internacional


Sobram desafios para as relações internacionais a serem conduzidas por Obama “reloaded”. A cada dia mais cidadãos comuns compreendem que não é possível agir como no século 20. Assim, se política externa ainda não é um tema decisivo na vida das pessoas, ignorar as muitas e importantes decisões internacionais que o presidente deve tomar não é uma opção. 

Obama é certamente o mais internacionalista dos presidentes dos EUA. E todo mundo aposta que, neste mandato, irá agir com firmeza no cenário global. Com a garantia de mais quatro anos, a Casa Branca tem muitos assuntos urgentes a resolver. A situação na Síria, o fim da guerra do Afeganistão, a transição política chinesa, o nacionalismo russo e o projeto nuclear iraniano são as questões mais importantes e estão na agenda do dia de Washington. 

A guerra civil síria já completou 20 meses. Até agora, os EUA se recusaram a fazer grandes movimentos. Isso porque, como escrevi por aqui outras tantas vezes, os americanos têm pouco interesse em sacar Assad. Não porque têm grande apreço pelo presidente sírio, mas porque o país é – embora injusto com seus cidadãos – estável. A administração alauíta do presidente sírio conseguiu estabilizar a Síria, inclusive mantendo a fronteira com Israel em relativo estado de tranquilidade nos últimos 40 anos – até esta semana, é bom dizer. Agora, no entanto, Washington deve agir de alguma maneira. E não se trata da defesa dos 20 mil mortos pela repressão de Bashar al-Assad. 

A Casa Branca está numa encruzilhada e aprendeu bastante com o fracasso na Líbia. Também como escrevi por aqui outras vezes, os rebeldes líbios eram compostos por gente de fidelidades distintas: membros arrependidos do governo Assad, jihadistas de diferentes grupos e até mesmo terroristas da al-Qaeda (a organização interpretou a instabilidade do país como oportunidade estratégica de alcançar sucesso e contrabalançar o poderoso discurso popular, espontâneo e descentralizado do que se convencionou chamar de Primavera Árabe). A Síria simplesmente não pode se transformar numa nova Líbia pós-Kadafi. Sua posição estratégica e seu arsenal militar colocariam em risco ainda maior a região mais problemática do planeta. 

Ao mesmo tempo, ficar de braços cruzados não é mais uma opção. Principalmente porque o Irã também entendeu que apostar em Assad é sua última oportunidade de contar com a aliança estratégica de um país árabe (localizado na fronteira com Israel, para ser ainda mais claro). Por isso, os EUA vão investir sim na oposição síria, mas sem repetir os erros do caso líbio. Vão estabelecer contatos políticos mais próximos com a oposição a Assad, oferecendo ajuda, mas exigindo garantias de manter proximidade ao futuro governo. E, para complicar, Obama vai ter de investir muito de seu setor de inteligência nesta tarefa, uma vez que a opinião pública americana não pode nem sonhar com mais uma guerra no Oriente Médio. 

Abordo a questão iraniana em próximos textos. 

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