Aos partidários de Obama, notícias importantes: Romney está cometendo deslizes que podem fazer a diferença nesta reta final de campanha. O candidato republicano está se atrapalhando justamente em questões sobre as quais insistiu em debates e que foram usadas para inventar a imagem de gestor capaz de criar empregos. Este é o foco das discussões envolvendo a disputa presidencial e desde o primeiro momento a equipe de Romney tentou desqualificar as decisões de Obama na área de economia. Agora, isso pode estar sofrendo um revés.
Tudo porque a dias da votação final, Romney decidiu ser ainda mais agressivo no que diz e na publicidade que divulga em anúncios de rádio e TV. Numa polêmica com poucos precedentes na história eleitoral americana, o candidato republicano errou ao afirmar que a Chrysler decidiu levar a produção para a China, e a General Motors estaria a ponto de transferir 15 mil postos de trabalho também para o país comunista.
Este tipo de acusação cala fundo no imaginário do cidadão americano médio e, mais ainda nos dias de hoje, por algumas razões: a indústria automobilística sempre foi um ramo fundamental da economia do país; implica a GM, uma das empresas mais simbólicas dos EUA; e, finalmente, reafirma o poderio econômico chinês – e a China ocupa hoje a mesma posição representada pelo Japão nos anos 80, a de país que, em questão de tempo, se nada for feito, ultrapassará a capacidade econômica americana. Isso não vai acontecer, mas este temor mexe com os sentimentos e preocupações dos americanos.
As acusações de Romney visavam a um alvo cirúrgico; o estado de Ohio, considerado um importante “swing state”, ou seja, um estado que normalmente não está alinhado a nenhum dos dois partidos e, portanto, tem resultado indefinido. Não por acaso, o tom alarmista quanto aos postos de trabalho no setor automotivo foi adotado justamente em Ohio, onde 850 mil empregos são diretamente dependentes da indústria automobilística. Seria um golpe de mestre, se os dados não estivessem errados.
A resposta aos anúncios republicanos não partiu da campanha democrata, mas das próprias empresas citadas, algo que raramente acontece principalmente porque as corporações evitam se manifestar publicamente sobre questões eleitorais. Mas, como foram mencionadas diretamente, se sentiram pressionadas a dar declarações oficiais desmentindo as informações divulgadas por Romney. A Chrysler disse que, de fato, está mesmo aumentando a produção na China, mas o objetivo é estritamente a venda no mercado chinês, não no americano; ainda acrescentou que a produção para o mercado americano permanece nos EUA. Já a resposta da GM soou ainda mais constrangedora aos republicanos.
Segundo a GM, o corte de 15 mil postos de trabalho aconteceu antes de 2009 – justamente quando o presidente Obama conseguiu aprovar o resgate governamental, salvando a empresa. Para piorar o lado de Romney, a GM seguiu adiante e declarou que, a partir do resgate, novos empregos foram criados. Se a campanha democrata decidir pisar fundo, tem material pesado para contra-atacar. Vale dizer que, pesquisas divulgadas nesta quarta-feira, mostram a vitória de Obama em 11 dos 13 “swing states”.
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