terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

A ameaça da extrema-direita na Ucrânia

Depois da excitação de derrubar um governo que era pretendido pela Rússia para fazer parte de sua aliança, chegou a hora de acalmar os ânimos e entender quem são os novos líderes da Ucrânia. Depois do senador John McCain discursar aos manifestantes da praça Maidan, após intervenções das principais autoridades europeias e a fuga do presidente Viktor Yanukovych, há a promessa de um novo país. Mas existe um problema nisso tudo. O governo está quebrado e a mesma fúria popular que tomou as ruas de Kiev está pronta para agir e há um enorme potencial de novas convulsões sociais. 

De acordo com membros da União Anti-fascista do país, cerca de 30% dos manifestantes acampados em Maidan são nacionalistas. Muitos deles, nazistas. Pois é. E agora, como justificar o apoio ocidental a um futuro governo que pode ter representantes nazistas? Tarde demais. É claro que o foco europeu durante a crise ucraniana ficou restrito a ganhar a Ucrânia. De fato, isso aconteceu. Mas qual será o preço que a União Europeia irá pagar se quiser levar adiante o processo de adesão formal ucraniana à UE? Os ânimos dos manifestantes em Maidan só foram acalmados pela queda do presidente Yanukovych e pela promessa de um novo governo mais próximo à Europa e distante de Moscou. Mas a situação é crítica.

A Ucrânia tem somente 16 bilhões de dólares em reservas. Para se ter ideia, o Brasil tem, atualmente, 375,79 bilhões de dólares. A adesão ucraniana ao bloco europeu vai custar muitos empregos e ainda mais cortes de orçamento. Como os nazistas ucranianos irão reagir? O país já se encontra no limite de seus gastos. O ministro das Finanças, Yuri Kobolov, diz que precisa de 35 bilhões de dólares para pagar despesas deste ano e do próximo e diz contar com a benevolência de europeus e americanos. 

O partido ultranacionalista Svoboda já tem 37 dos 450 assentos do parlamento. Os grupos de extrema-direita estão em ascensão na Europa. Acredito que num novo cenário onde a UE esteja mais presente haverá restrições à atuação desses movimentos. Não me parece que a UE aceitaria dialogar com um governo essencialmente nazista, para ser mais claro. Como a Ucrânia ainda não faz parte do bloco, a eventual retomada de negociações deve acabar por impedir que, num primeiro momento, a extrema-direita tome o controle do país. 

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