Os ucranianos estão envolvidos numa luta muito maior do que as batalhas violentas que têm tomado Kiev. Como de costume, gente comum é massa de manobra de interesses geopolíticos muito mais profundos e que, de maneira um tanto hipócrita, deixam os grandes jogadores de mãos limpas. No alto da guerra civil, União Europeia e Rússia duelam, por meio da vida de cidadão comuns, pelo controle da Ucrânia.
O focos da disputa são o modelo político e a ambição russa de fazer a sua própria aliança econômica (que Putin, provavelmente, ficaria muito feliz de chamar de, quem sabe, União Soviética). Os ucranianos sabem disso e estão se matando para defender o país que querem construir. O problema é que a situação é complicada demais. As demandas dos manifestantes estão listadas em cinco pontos, de acordo com entrevista de Stepan Kubiv, um dos comandantes dos revolucionários, à revista Time:
Demissão do primeiro-ministro, revogação das leis contra os protestos aprovadas em janeiro, anistia a todos os participantes do movimento, aprovação de reformas constitucionais limitando os poderes presidenciais e, finalmente, mudança da sociedade e transformação da Ucrânia num país europeu.
Essas são as condições para encerrar os protestos. Acho que está claro o tamanho do problema, certo?
Tornar a Ucrânia um país europeu não se resume a somente ingressar na União Europeia. Para os manifestantes, vai além; é mudar a natureza do Estado ucraniano, liberando-o do modelo russo – que encontra em Putin seu principal representante na Era pós-soviética. Para os manifestantes de Kiev, a Rússia é o exemplo de tudo o que está errado na Ucrânia de hoje: autoritarismo, cerceamento da imprensa, corrupção e ausência de oportunidades e meritocracia.
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