Se há algo muito claro nesta reviravolta de acontecimentos na Ucrânia é que a Rússia perdeu. Seja lá qual for a análise, fica muito evidente que Putin sai enfraquecido da batalha ideológica pelo direito de contar com o apoio logístico-energético-econômico-ideológico ucraniano.
A retirada formal e a subsequente debandada do agora ex-presidente Viktor Yanukovych acabaram por se tornar o contragolpe mais forte sofrido por Vladimir Putin em suas empreitadas internacionais até então vitoriosas. Curioso notar como o presidente russo foi capaz de sustentar no cargo o colega sírio, Bashar al-Assad, que carrega nas costas estatísticas criminosas muito maiores do que o protegido do Kremlin em Kiev.
Muito provavelmente caberá agora à ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko (foto) costurar um acordo para recolocar a Ucrânia nos trilhos. Mantida em prisão hospitalar desde 2011, Tymoshenko é um dos principais símbolos do movimento que ficou conhecido como Revolução Laranja, em 2004. O desafio da nova liderança ucraniana é gigantesco. Em primeiro lugar, será preciso resolver a crise de identidade nacional, uma vez que o país está dividido entre duas fidelidades: europeia, do lado ocidental, e russa, do oriental. Nenhuma entidade internacional poderá solucionar este equação.
O outro grande problema será indicar os caminhos possíveis para concluir a aproximação com a União Europeia. Autoridades da UE já disseram estar disponíveis para terminar as negociações – que foram interrompidas e desencadearam a onda de protestos. Há inclusive a possibilidade de liberação de um pacote de ajuda econômica no valor de 27,5 bilhões de dólares ao longo de sete anos. A contrapartida – expressa pela diretora do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde – é o aumento do preço do gás natural ucraniano, depreciação da hryvnia, a moeda nacional, e cortes significativos no orçamento do governo.
Caso a Ucrânia tenha alguma dúvida sobre as boas medidas que a esperam, basta consultar os governos da Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha e Itália.
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