Para complementar o caso ucraniano e sua relação com as perspectivas geopolíticas russas, acho relevante apresentar duas posições interessantes de George Friedman, fundador do Stratfor, a principal empresa privada de análise internacional dos EUA:
“Na Ucrânia ficam dois portos críticos, Odessa e Sevastopol, que são mais importantes para a Rússia do que o porto de Novorossiysk. Perder acesso comercial e militar a estes portos debilitaria completamente a influência russa no Mar Negro e cortaria seu acesso ao Mediterrâneo (...)”.
“Do ponto de vista russo, a integração entre Ucrânia e União Europeia representaria ameaça mortal à sua segurança nacional. (..) Após a Revolução Laranja, em meados dos anos 2000, o presidente Vladimir Putin deixou claro que considerava a Ucrânia como essencial (...), alegando que organizações não-governamentais que estavam fomentando a instabilidade (no país) eram fachada para o Departamento de Estado dos EUA, a CIA e o MI6 (serviço de inteligência britânico)”.
Considero a visão de Friedman interessante porque amplia a capacidade analítica além de questões óbvias. E mostra como Putin costuma polarizar os movimentos que lhe opõem. Para o presidente russo, a oposição necessariamente está dividida em dois campos bastante simplórios: de um lado, os inimigos ilegítimos dos interesses russos; do outro, os membros da conspiração internacional que impedem a retomada por Moscou do papel de destaque geopolítico que lhe cabe por natureza.
Diante disso tudo, dá para compreender os grandes desafios que os cidadãos ucranianos têm pela frente. Como tomar o próprio destino pelas mãos se existem somente para servir à megalomania de Putin?
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