Olhando de uma maneira mais ampla, hoje o Oriente Médio apresenta um cenário novíssimo quando comparado com dez anos atrás. Além da novidade chocante da ISIS – que não é exatamente uma surpresa –, temos a falência relativa ou total de três Estados nacionais: Líbia, Síria e Iraque.
O ciclo de acontecimentos foi rápido demais: os ataques de 11 de Setembro, a invasão a Afeganistão e Iraque (as duas guerras em Iraque e Afeganistão), a Primavera Árabe, a derrocada e consequente troca de lideranças em Tunísia e Egito; a eclosão de revoluções em Líbia e Síria e as guerras civis nesses países; a resistência violenta de Bashar al-Assad diante da igualmente violenta oposição cujos grupos constituintes incluem toda a sorte de espectros políticos regionais (a al-Qaeda e a própria ISIS, por exemplo).
Todo o processo está tão acelerado desde a virada do século 20 para o 21, que ainda não houve tempo para racionalizar ou pensar em logo prazo. Desde a primeira tentativa de o Ocidente influenciar, houve estímulos e respostas sucessivas e ininterruptas. Hoje, 13 anos depois, há alguns resultados catastróficos. E aí retorno ao que escrevi inicialmente: sob o ponto de vista de estabilidade política e econômica, a situação no Oriente Médio é hoje pior, muito pior, que aquela existente no início do século 21.
Mantendo estritamente a linha de raciocínio pragmático, sob o ponto de vista ocidental, o Oriente Médio com Bashar al-Assad na Síria, Muamar Kadafi na Líbia e Saddam Hussein no Iraque era um lugar estranho, distante, perigoso, mas certamente muito menos problemático do que é hoje. As lições têm sido ensinadas a duras penas – e aí termino com o exemplo da ISIS –, mas Estados falidos são piores que Estados ruins (mesmo que aí estejamos falando de países ditatoriais, sem qualquer traço de democracia e certamente sem imprensa ou instituições livres e independentes).
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