E quem achava que o conflito entre Israel e o Hamas havia terminado foi surpreendido por uma nova rodada da batalha. A trégua foi por água abaixo após o grupo palestino lançar oito mísseis sobre o território israelense nesta terça-feira. Como tenho escrito por aqui, há incongruências importantes nas expectativas dos dois lados.
Em primeiro lugar, cada um ainda está tentando garantir a vitória. Muito embora as perdas em Gaza sejam maiores, o Hamas espera dar continuidade a seu discurso de resistência, mas, para isso, precisa obter ganhos – mesmo que mínimos – capazes de convencer seu público interno de que a estratégia de lançamento de mísseis e o conflito com Israel valeu a pena.
O problema é que Israel precisa exatamente dos resultados opostos. O país precisa convencer o público palestino que a estratégia de conflito do Hamas não dá resultados. Então, o que acontece neste exato momento é a continuidade do jogo de soma zero sobre o qual tratei bastante nas análises anteriores. Por mais que ambos os lados estejam exauridos pela guerra, é possível que ela volte a acontecer.
Do ponto de vista de negociação, o Hamas está em pior situação. Como Israel exige a desmilitarização de Gaza, o grupo é o que tem mais a perder. A “resistência” armada é a gênese de sua existência. Portanto, com a popularização internacional de que a segurança regional e a evolução de novos acordos passa pela deposição das armas, o Hamas só tem dois caminhos possíveis a seguir: continuar com o lançamento de mísseis, colocando mais palestinos em risco e Gaza ainda mais destruída ou se desarmar totalmente (ou ao menos ludibriar a comunidade internacional), mantendo apenas a ala política em funcionamento.
Talvez o que esteja acontecendo agora seja reflexo deste impasse interno. Pode ser que o Hamas queira ganhar tempo para pensar numa terceira alternativa.
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