Em sua conta oficial no twitter, as Forças de Defesa de Israel anunciam que a “missão está cumprida”. Por outro lado, o porta-voz do Hamas fez questão de declarar que a “resistência venceu”. A partir de agora, com os confrontos militares temporariamente interrompidos, a batalha se expande para duas frentes: a da imprensa e das redes sociais, e a diplomática – com tentativas de se alcançar um cessar-fogo mais amplo e duradouro.
Como prometi, vou abordar a questão da “resistência” do Hamas em posts posteriores. Por ora, quero refletir um pouco sobre a ideia de vencedores, vencidos e estratégias de longo prazo. Para isso, apresento duas visões sobre o conflito atual que considero resumir bem a ideia de soma zero – ou seja, a ideia de que esta última guerra ainda não conseguiu alterar drasticamente o posicionamento dos dois atores principais envolvidos (Hamas e Israel). Tampouco, as partes foram capazes de impor suas posições mutuamente.
“Para o Hamas, o ponto (principal) é demonstrar que (o grupo) pode lançar mísseis sobre Israel. O importante é que esses mísseis foram contrabandeados para Gaza, fato que sugere que armamento mais perigoso pode no futuro chegar ao território palestino. Ao mesmo tempo, o Hamas mostra que pode causar baixas enquanto continua a lutar”. Esta é a posição de George Fridman, fundador do Stratfor, o maior grupo privado de pesquisas em política internacional dos EUA.
Acho uma posição interessante, mas complementar a esta (que considero fundamental):
“Israel está interessado em completar seu processo de retirada do território (Gaza) iniciado em 2005 sob (a liderança de ) Ariel Sharon, incluindo a desmilitarização de Gaza e a redução – senão o completo encerramento – da dependência econômica do território. O Hamas quer transformar este conflito num acordo que termine o bloqueio e traga benefícios financeiros, sabendo que se falhar em conquistar ao menos esta vitória, sua posição diante da população em Gaza estará seriamente comprometida”, escreve Uri Halperin, ex-agente de inteligência do comando da região sul de Israel, adido do país na Otan e assessor de inteligência no gabinete do primeiro-ministro.
A ideia do Halperin me parece mais adequada porque enxerga o confronto de maneira mais ampla diante da história recente do Oriente Médio. No próximo texto, apresentarei sob perspectiva principalmente desta última análise as principais possibilidades de derrota e vitória de cada um dos lados.
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